10 de fevereiro de 2013

António Manuel Marques, A imperfeição do presépio

Um pequeno "fresco" da história quotidiana da sociedade portuguesa do século XX através das memórias de uma mulher do interior rural. Um retrato social paradigmático daquilo que foi a vida de tantas famílias durante o Estado Novo até aos dias de liberdade. Uma mulher do povo, forte, resiliente, "dura", decidida e cuja força interior (e física) é o motor e o pilar sólido da sua família. A protagonista tem um discurso intimista e através ela é construída toda a narrativa. As memórias fotográficas que vai discorrendo durante o livro evocam e focam todo esse passado: a dureza da vida interior rural, a migração para a capital, o sacamento, a miséria, a fome e as más condições de vida nos subúrbios da cidade, o trabalho ârduao do dia-a-dia, avida em ditadura e a política, a guerra colonial, a diferença entre classes e as desigualidades ociais, a vida em familia e a vida conjugal e as relações familiares.
A escrita é fluída, as frases são curtas mas com um peso de signficado muito forte, encerrando de uma maneira pragmática o pensamento do autor, contribuindo para o desenrolar da "estória" e tornando a leitura bastante agradavel e ritmada. Um livro interessante.


José Luís Sousa
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

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