28 de fevereiro de 2013

João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último


Nos encontros da vida, João Ricardo Pedro cimenta, numa escrita escorreita e arejada, os desencontros de vivências difíceis na procura de momentos de paz e apaziguamento.
Talentos precoces nem sempre encontram o terreno arado, para aí desenvolverem os seus dotes e construírem o futuro. Quando não acarinhados e compreendidos, perdem-se na busca do equilíbrio e da aceitação

Augusto Freire Martins (Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

27 de fevereiro de 2013

António Manuel Marques - A imperfeição do presépio


É uma revisitação do passado. Ir ao fundo do mundo quando ainda o pastorio e as ceifas dos cereais eram o pão de cada ganho desde o nascer ao pôr do sol.
A vida, naqueles tempos, ainda era mais imperfeita, do que é hoje, com as migrações para as grandes cidades.

Augusto Freire Martins (Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

26 de fevereiro de 2013

Selecção portuguesa para o Festival do Primeiro Romance de Chambéry 2013


Os Grupos de Leitores das Bibliotecas Municipais de Oeiras e Algés já seleccionaram o seu autor/livro favorito no âmbito da selecção portuguesa para o Festival do Primeiro Romance de 2013.

De todos os primeiros romances publicados, os nossos Grupos de Leitores seleccionaram 11 títulos.

Assim, a pré-selecção portuguesa para a edição de 2013 do Festival do Primeiro Romance é constituída por estes 11 livros:

Alexandra Lucas Coelho - E a noite roda
Ana Miranda - O Diabo é um homem bom
Ana Sofia Fonseca - Como carne em pedra quente
António Manuel Marques - A imperfeição do presépio
Bruno Margo - Sandokan e Bakunine
Carla M. Soares - Alma Rebelde
Luís Francisco - A vida passou por aqui
João Bouza da Costa - Travessa d'Abençoada
João Rebocho País - O intrínseco de Manolo
João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último
Tiago Patrício - Trás-os-Montes

Quem terá sido o escolhido! Mais notícias em breve!

João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último



Livro bem escrito. Narrativa bem construída e bem contada, com uma linha condutora de mistério, que prende o leitor desde o princípio e não desaparece no final.
A história não é fácil nem directa - deambula por pequenos contos que, em conjunto, se encaixam para construir o romance. Só que a montagem do "puzzle" exige esforço por parte do leitor: estar atento a datas e simbolismos, reler passagens, ligar factos e tempos. Aparentemente desligados.
No final refaz-se o puzzle, mas descobre-se que faltam peças. Trata-se de peças-chave e ficamos a saber que foram retiradas por uma das personagens, com a intenção de omitir informações... talvez esconder um segredo...
Porque razão terá o avô retirado intencionalmente essa informação?
É isso que Duarte promete empenhar-se em descobrir - mas será já fora do olhar curioso do leitor!
Ao leitor são deixadas perguntas, muitas perguntas...
Vale a pena ler!

M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

25 de fevereiro de 2013

Ana Miranda, O Diabo é um homem bom



Livro interessante no que respeita ao conteúdo, requer uma profunda revisão de texto, na procura de uma escrita mas depurada, bem pontuada e liberta de constantes erros e lapsos gráficos que muito perturbaram a leitura.
O livro é sobre o conceito de bem e de mal - com ênfase para o mal, em diferentes dimensões - e o modo como os extremos estão inseparavelmente ligados. O assunto, actual, é tratado com originalidade e conhecimento, propocionalmente passagens para ler, reter e pesnar. É lamentalvem que a Editora Chiado tenha publicado este livro e eventualmente outros, sem atender os cuidados minimos de revisão de texto (não é referido o revisor), o que constitui uma forte limitação para representar a nossa escrita onde quer que seja. E acarreta prejuízo para a (os) autora (es). O que, repito é uma pena!
O títutlo está bem posto! E assim é.


M Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

João Ricardo Pedro, O teu rosto será o último


Narrativa que conta a história duma família, através das memórias e duma forma não linear. Diversidade de registos em que o cómico e o dramático são trabalhados com algum cuidado. Uso excessivo de calão.


Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

Luís Francisco - A vida passou por aqui





Vidas descritas sobretudo a partir de momentos que envolvem sentimentos/emoções fortes - dor, raiva, tristeza, decepção, medo, insegurança (muita). Personagens muito solitárias.
O autor passa-nos muito bem "estados de alma".
Curiosamente, parecendo contradizer o que disse, prespassa na leitura uma serenidade envolvente que terà(?) que ver com
uma aceitação da vida, porque é vida, porque somos assim... e terà(?) que ver com a personalidade do autor.
Parece-me que a obra parte de uma construção esquemática de personagens e cruzamentos, que lhe retira aquela FLUIDEZ na continuidade da leitura, de que gosto tanto.

Rosa Aquino
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

23 de fevereiro de 2013

Alexandra Lucas Coelho - E noite roda



Uma escrita que evidência, do princípio ao fim, a jornaista que a autora á. Descreve locais, acontecimentos e até sentimentos, com uma linguagem "limpa" (fixa o "essencial").
Muito interessante a evolução da correspondência entre Ana e Léon - há um acréscimo de impressividade, de perturbações.
Feliz o recurso a poetas - Kavafis, Valéry Larbaud (de quem gosto especialmente), Baudelaire...
A ler e reler.

Rosa Aquino
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

22 de fevereiro de 2013

Alexandra Lucas Coelho - E a noite ro



Porquê este título?
Um retrato de dois amantes que não se chegam a conhecer? Duma actualidade recente, onde senti estar por fora e me deixou
com um sentimento de culpa pelas descrições mencionadas. Escrita bem construída, por vezes repetitiva, notando-se que a autora é essencialemente jornalista muito mais do que romancista. Não o elegeria para representar o país, como escritora
de romance. Achei cansativos, todos aqueles sms e mails, mas claro, quando o SEXO é o fulcro destes encontros...

Maria Aguiar
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

21 de fevereiro de 2013

João Bouza da Costa, Travessa D’ Abençoada


Falta consistência para tecer uma interligação quanto às diferentes “vidas” e situações que descreve.
Usa com alguma frequência expressões em alemão e não só para as quais não apresenta correspondência em português.
O resumo na contracapa diz o essencial, o resto, no livro são pormenores por vezes desconexos. Li com sacrifício e só no final (p. 266/276) se encontra uma reflexão interessante.

Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

20 de fevereiro de 2013

Carla M. Soares, Alma Rebelde


A escrita é simples, de fácil leitura mas apresentando com detalhe certos passos e estados, etc.
A linguagem usada mantém um registo adequado mesmo nas situações mais quentes sem deixar de dar uma imagem da mensagem desejada.
A história é simples e pretende retratar a vida das meninas da sociedade numa época dos seus sonhos e pesadelos dos negócios, casamentos o que origina várias situações uma feliz outras menos.


Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

19 de fevereiro de 2013

Tiago Patrício, Trás-os- Montes


Escrita normal mas por vezes repetitiva e com demasiada descrição de lugares comuns.
Usa uma linguagem adequada às situações e através do retrato de cada personagem e seu relacionamento com o Teodoro procura “ construir” a personalidade deste personagem central para justificar o desfecho final. Coloca-se em relevo as traquinices e crueldade juvenil e à crueldade do pai do Edgar. O enredo é pobre e globalmente parece que estamos perante um mosaico sem surpresas nem grandeza.
Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés


18 de fevereiro de 2013

João Rebocho Pais, O Íntrinseco de Manolo


Escrita com humor mas usando e abusando da apresentação de descrições de um romance de cordel de baixo nível.
A linguagem é adequada às situações que apresenta transmitindo imagens e continuidade para o enredo mas perde-se na linguagem de baixo nível sem necessidade, descambando para cenas íntimas que não trazem valor ao texto nem à história.
O livro só tem real interesse no princípio (até à pág. 46) e no final a partir da página 135. Podia ter sido um bom livro se mantivesse um registo mais equilibrado.

Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

17 de fevereiro de 2013

Bruno Margo, Sandokan & Bakunine


A forma de escrever é razoável, sem exageros. O mesmo não se podendo nem devendo dizer da construção da história.
A confusão e descontinuidade são uma constante, por outro lado há longas descrições que não só não clarificam cenários como não ajudam a contextualizar as cenas da história. Só aumentou o número das páginas para o leitor.

Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

Ana Miranda, O Diabo é um Homem Bom


Apresentação descuidada com muitos erros ortográficos e não só.
Recorre a um lugar-comum o achado de um texto que o autor aproveita (exemplo do Richard Zimmler entre outros).
A escrita embora agradável e adequada nem sempre evita a repetitividade de imagens e falta de consistência em várias apresentações imagéticas.
O livro torna-se num monte de retalhos que pretende ser uma mensagem contra a humanidade perversa na óptica da autora do manuscrito “encontrado”.

Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

16 de fevereiro de 2013

Alexandra Lucas Coelho - E a noite roda


Livro que prende e seduz pela escrita directa  subtil, e intimista. Versa o amor!... Dilui-se na paixão onde não encontra amarras que os ligue a perenidade...gastam-se nos encontros e desencontros; sustêm, todavia, o fogo que alimenta o amor, não tão forte que o liberte das laços afectivos que o liga aos filhos da carne.

Augusto Freire Martins (Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

15 de fevereiro de 2013

João Bouza da Costa - Travessa d´Abençoada


Entra-se num labirinto donde dificilmente se consegue sair. Por vezes, consegue que levantemos voo e nos agarra na sua escrita bem delineada e concisa; outras vezes, perde-se em meandros escorregadios não se vislumbrando qual seja a saída, tal a diversidade de temas abordados.

Augusto Freire Martins (Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

14 de fevereiro de 2013

Carla M. Soares, Alma Rebelde

Trata-se de um romance histórico na real aceção da expressão. Retrata as dúvidas e receios de Joana face ao seu noivo num casamento arranjado pelo seu pai. Historicamente insere-se no final do século XIX, reinado de D. Pedro V. Na minha opinião e para o meu gosto, deveria ter mais referências e enquadramento histórico e menos romance, no entanto é de salientar a escrita elegante, cuidada e fluída da autora, que torna a leitura agradável e rápida.

Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

13 de fevereiro de 2013

António Manuel Marques, A Imperfeição do Presépio


O início de cada capítulo com descrição e análise do conteúdo de uma caixa de recordações com fotografias e recortes antigos guardados no seu interior é o pretexto para a história de uma família de classe baixa, que migrou do meio rural do Ribatejo para os (então) arredores de Lisboa, mais precisamente para uma barraca na Quinta do Olival, Benfica. O narrador da história é uma mulher, da qual não sabemos o nome, tal como não sabemos de nenhuma personagem, pois tal não é necessário, pretende-se contar a história de uma família mas que se adequa à maioria das histórias das famílias que viviam naquelas condições. A história de uma mulher, esposa, mãe, que trabalha como empregada doméstica, com quatro filhos, dois dos quais vão combater para a guerra do Ultramar, com um marido analfabeto, com gosto pela pinga, que por vezes lhe arreia, que trabalha na escavação das canalizações de água e para quem “só quem tinha as mãos grossas do trabalho é que merecia o que comia. De resto não era trabalho. Tudo calões.” (p.46)
Interessante a descrição da zona de Benfica, “Eram quintas, seguidas umas às outras. Do Calhariz até a meio da Estrada de Benfica eram quintas, e era cada casarão… Com os portões virados para a Estrada, algumas pouco se alcançava lá para dentro, mas outras deixavam ver.
Doutras pouco se via. Abriam-se às vezes os portões quando se ia pelo passeio e de lá saíam os carros com as fanchonas dentro, com chofer e tudo. Aos poucos, tudo se foi indo. Do dia para a noite, apareceram aquelas matacões, prédios por todo o lado.” (p.54)
Algumas alterações ocorridas entre década 30 e 70 do século XX são descritas no livro de forma bastante curiosa, tal como a alteração das missas em latim, “E depois, a missa. Mudam até as palavras… Dizem que foi Deus quem escreveu a Bíblia e andam então a mexer nela. Que nem se fica a perceber estas palavras novas, nem se pode acompanhar a missa. Ainda sou do tempo em que se dizia a missa em latim. Sabíamos tudo de cor. Não percebíamos nada, mas era bonito e seguíamos todos pelo mesmo tom. Tínhamos tudo na ponta da língua e muito respeito.” (p. 70) ou o desejo de certos casais de que um filho fosse padre “Aquela beata falsa era uma rata de sacristia que para ali estava, a pô-lo no Seminário. Morria se não tivesse um filho padre;” (p.71).
Interessante a descrição da vergonha sentida por se encontrar grávida já com três filhos a seu cargo e em estado avançado de idade e o autor descreve isso de forma brilhante. “Se devia tê-lo? Sabia lá eu se devia começar já a vê-lo, a pensar em como seria… E se fizesse como as mais e o mandasse para a Casa Pia? A maioria é assim que faz: não se pode, desmancha-se. Eu sabia que era bem capaz de pôr aqui esta coisa nova e manter tudo como está, sem grandes voltas. Continuaria na labuta, sem me cansar, a olhar para todos, a rir-me, pronta a ajudar quem precisa […] Sim, sentia vergonha; já grisalha, a barriga a empinar-se em licença, esta coisa pequena a protestar quando andava de joelhos nas limpezas.” (p.16 e 17)
De notar que gostei especialmente da citação inicial, fazendo antever o óbvio, só escreve uma história desta forma, quem teve directo contacto com as personagens-tipo que nela habitam.
“Sim, toda a novela, toda a obra de ficção, todo o poema, quando é vivo é autobiográfico.
Todo o ser de ficção, toda a personagem poética criada por um autor faz parte do próprio autor.” Miguel de Unamuno,Como se faz uma Novela.
Acho que é uma história escrita de forma concisa, directa e crua, sem cair no aberrante ou exagerado. Lê-se num ápice e com agrado, pois transpira realidade em todas as linhas. Retrata o presépio de uma família portuguesa de condição socioeconómica baixa, do século XX. Recomendo.

12 de fevereiro de 2013

Tiago Patrício, Trás-os-Montes


A história gira em torno de quatro crianças que vivem numa aldeia em forma de cruz gamada (suástica). Teodoro, Edgar, Óscar e Raquel são as únicas personagens da história dignos de um nome e são crianças em que cada uma vive numa família cuja estrutura foi abalada ou pela emigração dos pais (Teodoro), fuga da mãe (Edgar) ou morte do pai (Óscar e Raquel). A faixa etária das crianças retratadas situa-se entre o fim da infância e início da adolescência, considerado pelo autor como aquela fase que é O Cair da Noite, que era o título pretendido pelo autor para esta obra. Atendendo à faixa etária dos protagonistas e à liberdade típica das crianças que vivem no meio rural, é natural que a história verse sobre algumas diabruras engendradas pelas crianças. Desde o início que ensombra a história o que teriam provocado ao Miúdo, que é uma criança muda filha de pastores. No final da história é revelado o sucedido e é menos dramático do que a mente da maioria dos leitores suporia. Na história é dado um especial enfoque em Teodoro, o excelente aluno que decorava tudo mas tinha muita dificuldade em colocar em prática, ser criativo, oportuno, carismático e líder.
Talvez por ter sido galardoado com o Prémio literário revelação Agustina Bessa-Luís e pelo título abrangente da antiga província, fazia-me esperar uma obra mais característica e identitária da região, pois a história é sobre quatro crianças e respetivas famílias e podia decorrer em qualquer aldeia do país.

Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

João Ricardo Pedro, O Teu Rosto Será o Último


Na minha opinião a circunstância de os factos não serem contados por ordem cronológica, as personagem "apresentadas" aos poucos, constantemente intercaladas umas nas outras faz com que a história seja um pouco confusa. Obviamente que parte da mestria do livro reside aí, na forma como o autor permite que o leitor vá desenrolando o novelo da história, não obstante ficarem algumas coisas por contar, nomeadamente o crime cometido por uma das personagens.
Julgo que o autor se apoiou bastante nos pormenores, frequentemente somos embalados por eles, nomeadamente no capítulo (A mãe e o fim da União Soviética) em que no final uma personagem revela à família que tem um cancro e que vai ser internada no dia seguinte. Esse capítulo consiste um relato dos pequenos actos daquela personagem naquele dia, designadamente da descrição do que comprou no supermercado, quantas gramas de feijão encarnado, de fiambre, de queijo flamengo, de café... E é o próprio autor que nas palavras de uma personagem diz que "os pormenores são uma espécie de vírus. De bactéria. Altamente contagiosos".
Considerei que toda a história estava dominada pelas infelicidades da vida, parece que todas as personagens vivem dominadas pela empatia, resultado de acontecimentos maus que lhes aconteceram. Os avós maternos de Duarte que morreram de forma trágica, o pai que se suicida com a arma do avó, Duarte que vê o seu dom para o piano como algo que o vai consumir e dominar, Duarte que disfarça uma mancha de esperma no sofá com sangue!
Julgo que uma das maiores virtudes do livro é nos deixar a todos ansiosos a olhar para os quadros de Brueghel em busca da "mulher que caminhava sobre duas muletas e cuja perna direita terminava numa ligadura, um pouco abaixo do joelho." (pág. 157) que ao que consta pertence ao quadro "Luta entre o carnaval e a quaresma".
Para finalizar, julgo que o livro é interessante, com algumas cenas marcantes, um pouco confuso mas também é aí que reside o desafio.
Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

11 de fevereiro de 2013

Ana Miranda, O Diabo é um homem bom

A sua escrita, a pena corre como água nos ribeiros. Mantêm o leitor preso, pela sua escrita leve e saborosa, desde o principio até ao fim.
Aflora as desavenças intestinais de uma sociedade em contínua evolução, onde as elites se servem da democracia para o enriquecimento pessoal, dando origem ao territorismo e aos distúrbios dentro do sistema democrático.
É um livro que pode vir a merecer fugurar como tema de um filme.

Augusto Freire Martins
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

10 de fevereiro de 2013

António Manuel Marques, A imperfeição do presépio

Um pequeno "fresco" da história quotidiana da sociedade portuguesa do século XX através das memórias de uma mulher do interior rural. Um retrato social paradigmático daquilo que foi a vida de tantas famílias durante o Estado Novo até aos dias de liberdade. Uma mulher do povo, forte, resiliente, "dura", decidida e cuja força interior (e física) é o motor e o pilar sólido da sua família. A protagonista tem um discurso intimista e através ela é construída toda a narrativa. As memórias fotográficas que vai discorrendo durante o livro evocam e focam todo esse passado: a dureza da vida interior rural, a migração para a capital, o sacamento, a miséria, a fome e as más condições de vida nos subúrbios da cidade, o trabalho ârduao do dia-a-dia, avida em ditadura e a política, a guerra colonial, a diferença entre classes e as desigualidades ociais, a vida em familia e a vida conjugal e as relações familiares.
A escrita é fluída, as frases são curtas mas com um peso de signficado muito forte, encerrando de uma maneira pragmática o pensamento do autor, contribuindo para o desenrolar da "estória" e tornando a leitura bastante agradavel e ritmada. Um livro interessante.


José Luís Sousa
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

9 de fevereiro de 2013

Alexandra Lucas Coelho, E a noite Roda

Escrito numa linguagem joranlística, muito sucinta, enquadra um amor agitado que percorre vários cenários, quer de guerra como ilidio. Há passagens muito poéticas da perspectiva feminina, fazendo o balanço das perdas sofridas, dos encontros bem sucedidos e felizes e de como o passar do tempo parece não esclarecer as dúvidas de ambos. O elemento masculino debate-se continuamente para decidir viver este amor ou tentar esquecê-lo, sem sucesso

Sofia
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

8 de fevereiro de 2013

João Ricardo Pedro, O teu rosto será último

Alguém se referiu ao escritor, apelindando-o de "machão"... Escrita ágil com parágrafos curtas, dando protagonismo aos personagens, o que entusiasma o leitor. Será que foi a intenção do autor? Gostaria de ler outros trabalhos. Dada a minha longa vivência, achei interssante as referências (anos 40/50) como ex. Jesus Correia - as canetas de tinta permanente. O final (192/193) é quase teleráfico; mas estão lá as vidas de 3 gerações.
Acho que poderia representar sem eufemismo, o nosso pais. Os diálogos são expontâneos (pág.32-68).

Maria Aguiar
(Grupos de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

7 de fevereiro de 2013

Ana sofia Fonseca, Como Carne em Pedra Quente

Este romance não é do meu agrado, talvez por não o ter entendido. Tem frases interessantes e bem construídas, mas nao o recomendaria para o Festival de Chambery.


Maria Aguiar
(Grupo de Leitores da Biblitoeca Municipal de Oeiras)

6 de fevereiro de 2013

Bruno Margo, Sandonkan e Bakunine

Uam escrita bem interessante pela invulgariedade das "estóras" contadas. Personagens distintas, bem elaboradas. As notas de rodapé são bastante explicitas e elucidativas. Sobre a capa achei-a de muito bom gosto.

Maria Aguiar
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

5 de fevereiro de 2013

João Bouza da Costa, A Travessa d'Abençoada

Um romance surpreendente pelos diferentes cambiantes, quer nos contextos, quer na linguagem utilizada nas diferentes descrições e narrativas. O narrador é um observador atento que vai dando conta do que vai acontecendo na Travessa - o dia a dia de vivências e sobrevivências dos diferentes moradores: desde os mais populares e até grotescos até alguns de proveniência social ou superior e culturalmente mais evoluídos, mas não menos complexos. A linguagem utilizada serve as diferentes realidade: popular, calão contrastando com descrições bem poéticas.
Irene Cardona
(Grupos de leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

4 de fevereiro de 2013

Tiago Patrício, Trás-os-Montes

Livro bem escrito, de escrita fluída e sóbria que, com simplicidade, nos vai revalando o mundo de 4 crianças a viver a transição para a adolescência, numa aldeia de Trás-os-Montes. Esse mundo complexo envolve a aldeia, as familias, os amigos, a escola... e as vivências / experiências das crianças, individualmente e na sua relação com o que os rodeia e influência...
Romance rico de siginifcados, com entrelinhas bem delineado, escrito com sensibilidade e conhecimento muito interessante!
Maria José Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

2 de fevereiro de 2013

Opinião sobre "A imperfeição do presépio" de António Manuel Marques


Romance bem escrito e bem contado. Narrado na 1ª pessoa por uma mulher, mãe de família, já com alguma idade. Esta mulher olha fotografias, que tem guardadas numa caixa, e vai recordando - primeiro, o dia do casamento, quando aparece fotografada ao lado da cunhada, porque o marido não gostava de ser fotografado; depois, outras imagens de outros momentos da vida: os filhos, dois dos quais combateram no Ultramar, os netos...
A omissão do noivo na imagem do casamento é o prenúncio da futura omissão do marido na vida da família, cujo pilar será sempre esta mulher. É ela quem escolhe o seu homem, por ser o mais bonito da aldeia, e é ela quem vai aturar-lhe o vício do álcool, a leveza da mão e o distanciamento no apoio e na educação dos filhos.
Vieram de uma aldeia ribatejana para uma barraca em Benfica, onde ela trabalhava a dias e geria a vida com determinação e uma tocante simplicidade que, nem por isso deixava de lado o saber, a eficiência, a honestidade. Esta mulher, cujo nome não sabemos, nem é preciso, representa as muitas mulheres de uma classe baixa que, numa dada época - ainda actual - fazem rolar a vida, a familia, a sociedade e o mundo. Uma mulher que enfrenta uma vida dura - muito dura - sozinha, sem se queixar e sem sombra de revolta - antes com natural aceitação e ternura pelo que a rodeia.
Esta mulher, que sabemos forte, desperta-nos, no entanto, uma carinho imenso, uma vontade de a sentar ao colo e de a abraçar, como se de uma criança se tratasse. Porque, com a natural simplicidadee das almas grandes, soube viver em dádiva, sem consciência de que cada dia que passava era mais um da sua epopeia.
Esta mulher, com a dimensão humana das figuras do presépio, não conseguiu nunca ver o seu próprio presépio completo - por uma razão ou outra faltava-lhe sempre uma peça.
O livro é escrito por um homem. Que sabe escrever. Que sabe das realidades sociais. Que sabe de mulheres. De algumas mulheres.Muito bom! 

M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

1 de fevereiro de 2013

Opinião sobre Sandokan & Bakunine de Bruno Margo

Sobre Sandokan & Bakunine de Bruno Margo, José Mário Silva escreveu:

"Este é um livro sem medo de se questionar, consciente tanto dos seus rasgos como das suas imperfeições. Tivessem todos a coragem de se olhar, assim, ao espelho."

Pode ler o texto na íntegra no blogue  Bibliotecário de Babel.