17 de dezembro de 2012

Nuno Camarneiro vence Prémio Leya 2012


Nuno Camarneiro, autor seleccionado este ano pelas Bibliotecas Municipais de Oeiras, para representar Portugal no Festival du Premier Roman de Chambéry, venceu a quinta edição do Prémio Leya com o livro Debaixo de Algum Céu. Um romance que é uma "exploração da ideia de purgatório" segundo o seu autor.

Camarneiro tinha já uma obra publicada com a Leya, intitulada No Meu Peito Não Cabem Pássaros. A obra vencedora deverá ser publicada em Março e foi escolhida “por maioria” por um júri presidido por Manuel Alegre. 

O júri "apreciou no romance Debaixo de Algum Céu a qualidade literária com que, delimitando intensivamente a figura fulcral do 'romance de espaço' e do 'romance urbano', faz de um prédio de apartamentos à beira-mar o tecido conjuntivo da vida quotidiana de várias personagens - saídas da gente comum da nossa actualidade, mas também por isso carregadas de potencial significativo". 

O romance, continua o júri, que é um "retrato de uma microsociedade unida pelo espaço em que vivem os personagens", organiza-se a partir de um conjunto de vozes que dão conta de vidas e destinos que o acaso cruzou num período de tempo delimitado entre um Natal e um  Fim do Ano".

Manuel Alegre telefonou ao vencedor esta manhã. "Estou num estado de euforia: o meu objectivo para hoje é tentar não ter um ataque cardíaco", disse ao PÚBLICO, Nuno Camarneiro, que concorreu ao prémio com aquele que é o seu segundo romance mas não o escreveu a pensar no prémio. "Só decidi concorrer ao prémio depois de o ter escrito", confessou o autor. 

Este livro é, para Nuno Camarneiro, "uma exploração da ideia de purgatório": "Quase todo passado dentro de um prédio e em oito dias, entre o Natal e o Ano Novo, e cada inquilino atravessa durante esse período o seu purgatório pessoal", explica.

O prémio, no valor de 100 mil euros, é dado pela Leya, um dos maiores grupos editoriais portugueses que reúne mais de uma dezenas de editoras e chancelas de Portugal, Angola, Moçambique e Brasil. O objectivo do prémio é distinguir um romance inédito escrito em português.

Além de escritor, Camarneiro, que nasceu na Figueira da Foz, é investigador e professor. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. 

Em 2010 regressou a Portugal, sendo actualmente investigador na Universidade de Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. No Meu Peito não Cabem Pássaros foi a sua estreia no romance. O júri diz ainda que a escrita "é precisa e flui sem ceder à facilidade, mas reflectindo a consciência de um jogo entre o desejo de chegar ao seu destinatário, o leitor, e um recurso mínimo a artifícios retóricos em que só uma sensibilidade poética eleva e salva a banalidade e os limites do quotidiano". 

O último prémio foi atribuído à primeira obra de João Ricardo Pedro, autor do romance O Teu Rosto Será o Último, um engenheiro electrónico, de 38 anos, que estava desempregado. Segundo anunciado na conferência de imprensa desta segunda-feira de manhã, por Isaías Gomes, presidente executivo da Leya, foi o segundo livro mais vendido de 2012 em Portugal. 

O prémio, de 100 mil euros e que é o maior em valor pecuniário no domínio da literatura de expressão portuguesa, foi criado em 2008 e nas duas primeiras edições foi conquistado pelo brasileiro Murilo Carvalho e pelo moçambicano João Paulo Borges Coelho. Na terceira edição não foi atribuído.  

Enquanto analisa os inéditos, o júri não sabe por quem foram escritos, se são homens ou mulheres, se são iniciados ou consagrados. Só depois de a obra estar escolhida é que se abrem os envelopes com a identidade de quem concorreu. O júri do Prémio LeYa 2012, presidido por Manuel Alegre, é ainda constituído pelos escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello, por José Carlos Seabra Pereira, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves, crítica literária e professora da Universidade de São Paulo.

Fonte: Público

10 de dezembro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco


Luís Francisco - "A vida passou por aqui"

Luís Francisco dividiu este seu 1º romance num determinado número de capítulos, atribuindo a cada um o nome de um personagem que, na primeira pessoa, vai analisando com algum desencanto a própria vida, reconhecendo não ter querido, podido ou sabido, aproveitar as oportunidades que a vida vai concedendo, sobretudo a nível afetivo. A vida passou, pois, "foi ali" sem que a tivessem conseguido agarrar. Este esquema mantém se com alguma monotonia para todas as personagens, a cada um dos quais dedicou vários capítulos. Porém, os personagens relacionam-se entre si através de uma tão intrincada rede, como se de uma comunidade fechada se tratasse, como se mais mundo não houvesse, o que lhe dá um cunho um tanto artificial, longe do realismo que se propôs.

Maria Luzia Pacheco
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

9 de dezembro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco


Uma escrita violenta à medida do absurdo das nossas vidas – um realismo sem nenhuma complacência para com as convenções, a imagem social, o fingimento, o cinismo, a paz podre que atapeta as casas de muito antro familiar e lá se instala.

Nem vale a pena sequer fingir que temos esperança, que temos uma vida “… o azar estatístico de nascer português, uma porra de país em que parece que as coisas funcionaram e afinal não …” ,“…. jantares de merda a custar os olhos da cara, gajas e futebol” “ … e ninguém pode viver disto, desta romaria maquinal a bares e restaurantes.” Pessimista?

Serenidade, diz uma das nossas colegas, nem sempre, digo eu. Muito menos quando Luís Francisco refere certos lobbies da cultura, parece que os estamos a ver – uns “ … enciclopédia de sensibilidade artística…” outros, “ …para lhes regarem o ego”  –  opinião  mordaz de  um dos intervenientes da história  que se interroga se  “…havia de aproveitar para os mandar à merda.”

Poderosas, as palavras de machos muito machos “…a bexiga das mulheres deve ter sido feita na mesma fábrica de pigmeus onde lhes montaram o cérebro… “
Mas a cada leitor seu sentimento. Segundo o autor, há até quem tenha atribuído a estas personagens o epíteto de disfuncionais.

Se bem que concorde com os que encontram na narrativa uma diferença de tom a partir de determinado ponto – a que alguns podem chamar serenidade, cá eu leio outra coisa, provavelmente tão longe da verdade como qualquer outra, que nestas coisas é só a gente a falar, que nem sequer, ou ainda menos o autor saberá o que a alma lhe ditou.

Leio certa suavidade, a raiva do início a adormecer para o final da narrativa, tenho a ilusão de ter lido uma razão maternal. Não se ponham com gritos de que já cá faltava esta, pois Freud explica, e o amor de mãe blá, blá, blá. É que Lena e Joana se podiam chamar esperança e até Pedro imagina – Sinto que cheguei a bom porto. Mas nada é certo, que a narrativa se abre, tal qual a vida que passa por aqui, uma roda-viva.
O leitor a ler à sua maneira. Vale, digo eu, à nuestros hermanos.

O que gostaria de ter sugerido ao autor – Fale-nos da sua mãe. Ou das mães da sua vida. Podia ter aproveitado a breve referência que fez mas achei que não devia insistir – Aprofunde lá isso, Sr. autor.

Não conhecia o Luís Francisco. É sempre um risco que pode não compensar conhecer a pessoa que o autor é, ou mostra em público. Todos somos muita coisa e iludimos muito de nós, para o pior ou para o melhor. Não acontece com este homem de valores que vão rareando e, como disse a Rosa, transparente. Alguém que é capaz de admitir que chora, com lágrimas e tudo.

Maria João Carrilho
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

7 de dezembro de 2012

Opinião sobre "A imperfeição do presépio" de António Manuel Marques


António Manuel Marques - A imperfeição do presépio

Se na forma se poderão aduzir muitas considerações estilísticas (relato, novela, descrição, etc) já no fundo constitui uma obra em que a verdade, a simplicidade, a sensibilidade, o trato humano, me satisfizeram totalmente, como obra portuguesa, temendo embora que, na eventual tradução para francês, se perca muito do sabor popular, da verdade intrínseca do livro; mas pelo que conheço de bastantes franceses que contactei já penso que o cinema Verité e o realismo italiano os ajudará a perceber este livro.

Francisco A. Gomes
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

6 de dezembro de 2012

Opinião sobre "Alma rebelde" de Carla M. Soares


Carla M. Soares - Alma rebelde

Numa escrita simples em diálogos bem desenvolvidos, expõe-se, numa procura intimista, toda a incerteza do encontro do outro que lhe foi prometido em casamento.
sente-se só, desamparada, entregue aos sabores dos tempos em que as decisões não lhe cabem, mas, antes, a aceitação lhe é imposta.
Vive em angústia persistente até conhecer a alma que lhe coube em sorte. Sua rebeldia tem acolhimento na perfeição encontrada e no amor descoberto.


Augusto Freire Martins
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras) 

5 de dezembro de 2012

Opinião sobre "O teu rosto será o último" de João Ricardo Pedro


João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último


Boa estrutura do romance.
Tem dramatismo, ironia, crueldade, bizarria, mistério, impossibilidade(s), mas também muita sensibilidade e humanidade.
Muito presente a questão da memória e do sofrimento que lhe está ligado. Expressão de dor muito bem conseguidas.Também muito presente a problemática da amputação. Que simbolismo? Enigmas não resolvidos que nos fazem pensar e pensar... Gosto disto.


Rosa Aquino 
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

4 de dezembro de 2012

Opinião sobre " O teu Rosto Será o Último" de João Ricardo Pedro

" Narrativa que conta a história duma família, através das memórias
 e duma forma não linear.
 Diversidade de registos em que o cómico e o dramático são trabalhados
 com algum cuidado.
 Uso excessivo do calão."

Anónimo
Grupo de Leitores de Algés

3 de dezembro de 2012

Opinião sobre " A Imperfeição do Presépio" de António Manuel Marques

" Narrativa de vida de uma mulher vulgar na segunda
metade do século XX.
O autor revela através da protagonista um discurso intimista e relexivo
 sobre os universos conjugal, familiar, profissional e social."

Anónimo
 Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

2 de dezembro de 2012

Opinião sobre " Travessa D' Abençoada" de João Bouza da Costa

"História passada em 24 horas na travessa de um bairro antigo de Lisboa.
Inúmeros são os personagens numa amálgama de multiculturalidade e marginalidade. Talvez seja o retrato de um Lisboa decadente ou então é a sociedade que reflecte os seus moradores a tentarem sobreviver numa Europa / mundo em crise."

Anónimo
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés)