17 de dezembro de 2012

Nuno Camarneiro vence Prémio Leya 2012


Nuno Camarneiro, autor seleccionado este ano pelas Bibliotecas Municipais de Oeiras, para representar Portugal no Festival du Premier Roman de Chambéry, venceu a quinta edição do Prémio Leya com o livro Debaixo de Algum Céu. Um romance que é uma "exploração da ideia de purgatório" segundo o seu autor.

Camarneiro tinha já uma obra publicada com a Leya, intitulada No Meu Peito Não Cabem Pássaros. A obra vencedora deverá ser publicada em Março e foi escolhida “por maioria” por um júri presidido por Manuel Alegre. 

O júri "apreciou no romance Debaixo de Algum Céu a qualidade literária com que, delimitando intensivamente a figura fulcral do 'romance de espaço' e do 'romance urbano', faz de um prédio de apartamentos à beira-mar o tecido conjuntivo da vida quotidiana de várias personagens - saídas da gente comum da nossa actualidade, mas também por isso carregadas de potencial significativo". 

O romance, continua o júri, que é um "retrato de uma microsociedade unida pelo espaço em que vivem os personagens", organiza-se a partir de um conjunto de vozes que dão conta de vidas e destinos que o acaso cruzou num período de tempo delimitado entre um Natal e um  Fim do Ano".

Manuel Alegre telefonou ao vencedor esta manhã. "Estou num estado de euforia: o meu objectivo para hoje é tentar não ter um ataque cardíaco", disse ao PÚBLICO, Nuno Camarneiro, que concorreu ao prémio com aquele que é o seu segundo romance mas não o escreveu a pensar no prémio. "Só decidi concorrer ao prémio depois de o ter escrito", confessou o autor. 

Este livro é, para Nuno Camarneiro, "uma exploração da ideia de purgatório": "Quase todo passado dentro de um prédio e em oito dias, entre o Natal e o Ano Novo, e cada inquilino atravessa durante esse período o seu purgatório pessoal", explica.

O prémio, no valor de 100 mil euros, é dado pela Leya, um dos maiores grupos editoriais portugueses que reúne mais de uma dezenas de editoras e chancelas de Portugal, Angola, Moçambique e Brasil. O objectivo do prémio é distinguir um romance inédito escrito em português.

Além de escritor, Camarneiro, que nasceu na Figueira da Foz, é investigador e professor. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. 

Em 2010 regressou a Portugal, sendo actualmente investigador na Universidade de Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. No Meu Peito não Cabem Pássaros foi a sua estreia no romance. O júri diz ainda que a escrita "é precisa e flui sem ceder à facilidade, mas reflectindo a consciência de um jogo entre o desejo de chegar ao seu destinatário, o leitor, e um recurso mínimo a artifícios retóricos em que só uma sensibilidade poética eleva e salva a banalidade e os limites do quotidiano". 

O último prémio foi atribuído à primeira obra de João Ricardo Pedro, autor do romance O Teu Rosto Será o Último, um engenheiro electrónico, de 38 anos, que estava desempregado. Segundo anunciado na conferência de imprensa desta segunda-feira de manhã, por Isaías Gomes, presidente executivo da Leya, foi o segundo livro mais vendido de 2012 em Portugal. 

O prémio, de 100 mil euros e que é o maior em valor pecuniário no domínio da literatura de expressão portuguesa, foi criado em 2008 e nas duas primeiras edições foi conquistado pelo brasileiro Murilo Carvalho e pelo moçambicano João Paulo Borges Coelho. Na terceira edição não foi atribuído.  

Enquanto analisa os inéditos, o júri não sabe por quem foram escritos, se são homens ou mulheres, se são iniciados ou consagrados. Só depois de a obra estar escolhida é que se abrem os envelopes com a identidade de quem concorreu. O júri do Prémio LeYa 2012, presidido por Manuel Alegre, é ainda constituído pelos escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello, por José Carlos Seabra Pereira, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves, crítica literária e professora da Universidade de São Paulo.

Fonte: Público

10 de dezembro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco


Luís Francisco - "A vida passou por aqui"

Luís Francisco dividiu este seu 1º romance num determinado número de capítulos, atribuindo a cada um o nome de um personagem que, na primeira pessoa, vai analisando com algum desencanto a própria vida, reconhecendo não ter querido, podido ou sabido, aproveitar as oportunidades que a vida vai concedendo, sobretudo a nível afetivo. A vida passou, pois, "foi ali" sem que a tivessem conseguido agarrar. Este esquema mantém se com alguma monotonia para todas as personagens, a cada um dos quais dedicou vários capítulos. Porém, os personagens relacionam-se entre si através de uma tão intrincada rede, como se de uma comunidade fechada se tratasse, como se mais mundo não houvesse, o que lhe dá um cunho um tanto artificial, longe do realismo que se propôs.

Maria Luzia Pacheco
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

9 de dezembro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco


Uma escrita violenta à medida do absurdo das nossas vidas – um realismo sem nenhuma complacência para com as convenções, a imagem social, o fingimento, o cinismo, a paz podre que atapeta as casas de muito antro familiar e lá se instala.

Nem vale a pena sequer fingir que temos esperança, que temos uma vida “… o azar estatístico de nascer português, uma porra de país em que parece que as coisas funcionaram e afinal não …” ,“…. jantares de merda a custar os olhos da cara, gajas e futebol” “ … e ninguém pode viver disto, desta romaria maquinal a bares e restaurantes.” Pessimista?

Serenidade, diz uma das nossas colegas, nem sempre, digo eu. Muito menos quando Luís Francisco refere certos lobbies da cultura, parece que os estamos a ver – uns “ … enciclopédia de sensibilidade artística…” outros, “ …para lhes regarem o ego”  –  opinião  mordaz de  um dos intervenientes da história  que se interroga se  “…havia de aproveitar para os mandar à merda.”

Poderosas, as palavras de machos muito machos “…a bexiga das mulheres deve ter sido feita na mesma fábrica de pigmeus onde lhes montaram o cérebro… “
Mas a cada leitor seu sentimento. Segundo o autor, há até quem tenha atribuído a estas personagens o epíteto de disfuncionais.

Se bem que concorde com os que encontram na narrativa uma diferença de tom a partir de determinado ponto – a que alguns podem chamar serenidade, cá eu leio outra coisa, provavelmente tão longe da verdade como qualquer outra, que nestas coisas é só a gente a falar, que nem sequer, ou ainda menos o autor saberá o que a alma lhe ditou.

Leio certa suavidade, a raiva do início a adormecer para o final da narrativa, tenho a ilusão de ter lido uma razão maternal. Não se ponham com gritos de que já cá faltava esta, pois Freud explica, e o amor de mãe blá, blá, blá. É que Lena e Joana se podiam chamar esperança e até Pedro imagina – Sinto que cheguei a bom porto. Mas nada é certo, que a narrativa se abre, tal qual a vida que passa por aqui, uma roda-viva.
O leitor a ler à sua maneira. Vale, digo eu, à nuestros hermanos.

O que gostaria de ter sugerido ao autor – Fale-nos da sua mãe. Ou das mães da sua vida. Podia ter aproveitado a breve referência que fez mas achei que não devia insistir – Aprofunde lá isso, Sr. autor.

Não conhecia o Luís Francisco. É sempre um risco que pode não compensar conhecer a pessoa que o autor é, ou mostra em público. Todos somos muita coisa e iludimos muito de nós, para o pior ou para o melhor. Não acontece com este homem de valores que vão rareando e, como disse a Rosa, transparente. Alguém que é capaz de admitir que chora, com lágrimas e tudo.

Maria João Carrilho
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

7 de dezembro de 2012

Opinião sobre "A imperfeição do presépio" de António Manuel Marques


António Manuel Marques - A imperfeição do presépio

Se na forma se poderão aduzir muitas considerações estilísticas (relato, novela, descrição, etc) já no fundo constitui uma obra em que a verdade, a simplicidade, a sensibilidade, o trato humano, me satisfizeram totalmente, como obra portuguesa, temendo embora que, na eventual tradução para francês, se perca muito do sabor popular, da verdade intrínseca do livro; mas pelo que conheço de bastantes franceses que contactei já penso que o cinema Verité e o realismo italiano os ajudará a perceber este livro.

Francisco A. Gomes
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

6 de dezembro de 2012

Opinião sobre "Alma rebelde" de Carla M. Soares


Carla M. Soares - Alma rebelde

Numa escrita simples em diálogos bem desenvolvidos, expõe-se, numa procura intimista, toda a incerteza do encontro do outro que lhe foi prometido em casamento.
sente-se só, desamparada, entregue aos sabores dos tempos em que as decisões não lhe cabem, mas, antes, a aceitação lhe é imposta.
Vive em angústia persistente até conhecer a alma que lhe coube em sorte. Sua rebeldia tem acolhimento na perfeição encontrada e no amor descoberto.


Augusto Freire Martins
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras) 

5 de dezembro de 2012

Opinião sobre "O teu rosto será o último" de João Ricardo Pedro


João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último


Boa estrutura do romance.
Tem dramatismo, ironia, crueldade, bizarria, mistério, impossibilidade(s), mas também muita sensibilidade e humanidade.
Muito presente a questão da memória e do sofrimento que lhe está ligado. Expressão de dor muito bem conseguidas.Também muito presente a problemática da amputação. Que simbolismo? Enigmas não resolvidos que nos fazem pensar e pensar... Gosto disto.


Rosa Aquino 
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

4 de dezembro de 2012

Opinião sobre " O teu Rosto Será o Último" de João Ricardo Pedro

" Narrativa que conta a história duma família, através das memórias
 e duma forma não linear.
 Diversidade de registos em que o cómico e o dramático são trabalhados
 com algum cuidado.
 Uso excessivo do calão."

Anónimo
Grupo de Leitores de Algés

3 de dezembro de 2012

Opinião sobre " A Imperfeição do Presépio" de António Manuel Marques

" Narrativa de vida de uma mulher vulgar na segunda
metade do século XX.
O autor revela através da protagonista um discurso intimista e relexivo
 sobre os universos conjugal, familiar, profissional e social."

Anónimo
 Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés

2 de dezembro de 2012

Opinião sobre " Travessa D' Abençoada" de João Bouza da Costa

"História passada em 24 horas na travessa de um bairro antigo de Lisboa.
Inúmeros são os personagens numa amálgama de multiculturalidade e marginalidade. Talvez seja o retrato de um Lisboa decadente ou então é a sociedade que reflecte os seus moradores a tentarem sobreviver numa Europa / mundo em crise."

Anónimo
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Algés)

24 de novembro de 2012

Opinião sobre "Como carne em pedra quente" de Ana Sofia Fonseca

Ana Sofia Fonseca - "Como carne em pedra quente"


Tenho dificuldade em avaliar este romance - narra uma situação trágica, mas não senti a intensidade dessa tragédia. A narradora é uma mulher jovem que sabe pelo médico que tem SIDA e lhe resta pouco tempo de vida. Decide então gravar mensagens para deixar à filha, ausente no estrangeiro. A par das gravações, onde fala da angústia da doença, vai revivendo etapas da sua vida e deixando fluir debates interiores entre o passado e o presente - vivências familiares que envolvem bisavós, avós, pai, mãe e Pedro, o pai da filha - em tempos partilhados entre Portugal e Angola. Pedro, o seu amor, com quem não casou, de quem está separada e que desconhece o seu drama. A sua solidão é grande - conta apenas com a presença ocasional da empregada e de um vizinho idoso e modesto, que lhe faz uma companhia silenciosa. No final, através de uma frase deste, solta-se a revelação de uma amor platónico, que aconteceu entre este vizinho e a sua avó Júlia, quando eram jovens, e que veio a marcar as suas vidas. Esta revelação-desfecho surge no fim da história de um modo um pouco forçado... A escrita respeita as regras de linguagem, mas, por vezes, utiliza frases sem beleza e com significado pouco claro (cabelo de faminta vendido, pg.40; naftalina na educação, pg.122; sou o que lutei...,  pg.47- frase que deveria ser assinalada como de outra autoria). Lê-se, mas não entusiasma. Não gosto do título nem da capa. 


M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

23 de novembro de 2012

Opinião sobre "O intrínseco da Manolo" de João Rebocho País

João Rebocho Pais - "O intrínseco de Manolo"

Uma supresa. Palavrosa, certamente, trágica-cómica q.b, um desfile de personagens retratadas em suas pecularidades e amores cruzados.Ainda assim faltam ligações e apresentações devidas do povo consavaneiro, de quem fiquei com vontade de conhecer melhor. Por vezes perde-se o fio à meada, noutras encontra-se a alegria ou a introspecção, num carrosssel de ideias tresmalhadas e muito trabalhadas, isto no que se refere ao constante regatear se sinónimos, ditos populares, recursos literários e estilísticos em contínuo e confuso retrato do Alentejo. Por um lado, original, por outro, frívolo. Um entretenimento confuso, vá. 



 Sofia F.
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

21 de novembro de 2012

Opinião sobre "E a noite roda" de Alexandra Lucas Coelho

Alexandra Lucas Coelho - "E a noite roda"

Livro bem escrito. Narrativa fluída e bem construída  que deixa no ar o sabor a magia e fascínio. A história decorre no Médio Oriente, num ambiente de conflitos violentos, e fala da paixão que acontece entre a narradora Ana, e um colega, Leon, ambos em trabalho, como repórteres de guerra. A narrativa, feita como uma retrospectiva das vivências - conflitos no terreno vividos em paralelo com os conflitos na alma - permite que Ana relembre o que sobrou (certamente o mais marcante) com a lucidez de um distanciamento de quatro anos. Com lucidez e alguma mágoa racionalizada, Ana olha para trás - «escreve para tornar real» - para antes do começo, analisa as subtilezas da sedução, o fascínio das vivências que se vão sucedendo, o medo-ai-ai-da-perda, o não-sim, o «e agora?, parece-me que»,.. o fim que já o foi sem o ter sido. Ana relembra e escreve, para melhor lidar com a dor. Atenta a pormenores que então não existiram, busca entender as etapas do jogo, as jogadas de cada parceiro, a chegada, enfim, ao resultado final... E nesta busca, há observações, raciocínios e atitudes que revelam, por vezes com enorme subtileza, diferenças de base entre o ser feminino e o masculino. Perceber para atingir paz interior. Será que atinge??? Livro cujo fascínio fica no ar, mesmo depois de fechado, concluída a última página. 

 M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

20 de novembro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco

Luís Francisco - "A vida passou por aqui"

Destaco as personagens primorosas e de análise pessoal e humana. História viva e real, de gente verdadeira, com vícios e virtudes, gente que todos conhecemos no quotidiano. Extraordinário o encadeamanto das vidas ao longo do romance, plausível e muito interessante no global. 

 Francisco Gomes
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

18 de novembro de 2012

Festival do Primeiro Romance 2013 - Pré-selecção portuguesa

Os Grupos de Leitores das Bibliotecas Municipais de Oeiras e Algés encerraram a lista final da pré-selecção portuguesa para o Festival do Primeiro Romance de 2013.

De todos os primeiros romances publicados entre Novembro de 2011 Outubro de 2012, os nossos Grupos de Leitores seleccionaram 11 títulos.

Assim, a pré-selecção portuguesa para a edição de 2013 do Festival do Primeiro Romance é constituída por estes 11 livros:

Alexandra Lucas Coelho - E a noite roda
Ana Miranda - O Diabo é um homem bom
Ana Sofia Fonseca - Como carne em pedra quente
António Manuel Marques - A imperfeição do presépio
Bruno Margo - Sandokan e Bakunine
Carla M. Soares - Alma Rebelde
Luís Francisco - A vida passou por aqui
João Bouza da Costa - Travessa d'Abençoada
João Rebocho País - O intrínseco de Manolo
João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último
Tiago Patrício - Trás-os-Montes

Depois deste fase, diversos Grupos de Leitores de língua portuguesa em França vão ler esta pré-selecção para que em Fevereiro de 2013, com as opiniões de todos, seja possível seleccionar o autor de primeiro romance que vai representar Portugal em Chambéry, no Festival do Primeiro Romance, em Maio de 2013.

Boa sorte para todos os autores! E boas leituras!

17 de novembro de 2012

Luís Francisco no Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras

No passado dia 13 de Novembro, Luís Francisco, autor do livro "A vida passou por aqui" esteve à conversa com os leitores do Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras.

Sendo um dos títulos que fazem parte da Pré-selecção portuguesa para a edição do Festival do Primeiro Romance de 2013, tínhamos curiosidade em conhecer o autor por detrás do livro e o homem por detrás da história, ou deste caso das histórias.

Ao longo de quase 2 horas ficamos a conhecer melhor o autor, o percurso literário e as histórias por detrás da publicação do livro.

Três meses depois de ter enviado o livro para a editora, Luís Francisco ainda aguardava uma resposta! Achou que o seu texto devia ser lido sem qualquer pressão ou favorecimento e por isso limitou-se a aguardar, pacientemente, a decisão da editora. Finalmente a resposta chegou e foi positiva! Um estagiário que primeiro leu o texto original do autor recomendou a sua leitura a Maria do Rosário Pedreira, apelidando-o de um conjunto de personagens disfuncionais que se entrecruzam.

Se é verdade que por vezes o escritor faz de Deus, cria um mundo, inventa pessoas, relações, faz-lhes maldades, a primeira preocupação de Luís Francisco foi que as suas pessoas fossem reais que a certa altura as personagens começaram a ter vida própria. Como o próprio autor disse: "Durante algum tempo somos donos da história e das personagens, mas a partir de um dado momento, o ritmo de trabalho muda. Passa a ser o livro que nos chama, já não és tu que decides. É como se as personagens estivessem à espera que escrevesses o capítulo seguinte."

Também a primeira impressão que o leitor tem de cada personagem, em algum dos casos e das histórias, não é a que se vai confirmar ao longo do livro. O autor tinha um final  mais cor-de-rosa e foi a sua mulher que sugeriu que aquele final não estava de acordo com o resto do livro; era como se de repente tudo ficasse bem e a história terminasse.

Em A Vida Pas­sou por Aqui uma per­son­agem diz: "Tu só que­rias pas­sar pela vida, eu que­ria que a vida pas­sasse por mim". Luís Fran­cisco pre­cisou que a vida pas­sasse por ele para fazer este livro.

Aqui ficam algumas frases do autor durante a sessão:

"Se eu fosse mais seguro não estava à espera de ter 40 e tal anos para editar um romance. Provavelmente, já teria editado antes, mas seria seguramente pior porque acho que a vida tem de passar por nós para depois sair."

“Criar é um espaço de liberdade. No jornalismo não posso criar. Numa reportagem tenho de lidar com o que acontece e com o que me dizem.”


"A vida está sempre a acontecer. Estamos metidos lá dentro, não temos noção de quem está a puxar a corda por nós. Às vezes levamos um puxão sem saber bem de onde, nem por que é que aconteceu.”
Em nome do Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras agradeço ao Luís Francisco o interesse e a disponibilidade! 

15 de novembro de 2012

Bruno Margo - Sandokan & Bakunine

Autor: Bruno Margo
Título: Sandokan e Bakunine

BIOGRAFIA

Bruno Margo nasceu em Benguela, Angola, em 1973. Cresceu e viveu em Lisboa, onde estudou Ciências de Comunicação, variante de cinema. Um curso de realização cinematográfica levou-o a Nova Iorque, uma cidade que sempre quis conhecer. De regresso a Portugal, teve as suas primeiras experiências profissionais em rádio, cinema e televisão. Trabalhou como assistente de produção e de realização, guionista e editor. 
A possibilidade de conciliar os seus maiores interesses, cinema e literatura, levaram-no à escrita, primeiro sob a forma de guiões para filmes e, mais tarde, aos romances. Sandokan & Bakunine, o seu livro de estreia, começou assim, como uma sinopse de um filme que gostaria de realizar. O mesmo se passa com o seu segundo romance, que está neste momento a escrever, em Cadrezzate, uma pequena cidade no Norte de Itália onde vive desde 2010.


SINOPSE

Esta é a história de um escritor a quem roubaram um computador portátil e cujo romance incompleto aparece na Internet, desencadeando inesperadas reacções. Mas é também a história contada no próprio romance: a das férias de Artur - um adolescente asmático e apaixonado -, marcadas pelo desaparecimento misterioso de uma rapariga, que ele, com a ajuda de um detective e a companhia de um cão, tentará a todo o custo desvendar. 

E é enfim a história do explorador irlandês B. A. Barrow, mordido por uma mariposa-vampiro na Papua-Nova Guiné, a partir dos seus próprios diários. Porém, como se tudo isto não bastasse, a narrativa traz-nos ainda um pintor que matou o pai pensando que era um demónio, uma mulher que fez uma viagem a preto e branco, um serial killer de feras no zoo de Tóquio e um leque de outras personagens e episódios inesquecíveis, que fazem de Sandokan e Bakunine um dos mais originais romances em língua portuguesa. 
Com reminiscências cinematográficas - tão depressa os adolescentes de Éric Rohmer como a estrutura intricada de filmes como Magnólia ou Mulholland Drive -, o presente romance pode ser lido e relido sem se esgotar, oferecendo sempre novas e surpreendentes perspectivas. Imperdível.

14 de novembro de 2012

Ana Miranda - O Diabo é um homem bom

Autor: Ana Miranda
Título: O Diabo é um homem bom

BIOGRAFIA


Ana Miranda nasceu em Bragança em Abril de 1967. Estudou Literatura Portuguesa na Universidade Nova de Lisboa, mas foi do Jornalismo que fez profissão. 
Há 22 anos que se divide, com igual paixão, pela televisão, imprensa e rádio. 
Foi um projecto de televisão que a levou para Lyon, França, onde vive desde 1999 e é jornalista de política internacional.
A escrita era um projecto à espera, desde que participou num dos primeiros concursos de Jovens criadores, em 1996, tendo conquistado o prémio de honra que lhe permitiu participar na Bienal da Guarda, 1997.
O Diabo é um Homem Bom é a sua primeira obra publicada.


SINOPSE


O terreno de jogo estendia-se às searas indomáveis de centeio e trigo, atravessadas por labirintos e túneis vegetais, onde jogávamos às escondidas. Foi numa dessas brincadeiras que um casaquinho de lã, azul-pálido, azul-bébe, me conduziu ao primeiro morto. Ao primeiro nado-morto da minha longa vida de mortos.

O corpo morria asfixiado num saco de plástico, ensanguentado. O vento chicoteava as espigas e escoava o fedor da morte, pelo ventre da terra revolvida. Foi também o vento que denunciou o barulho de passos nas proximidades, ainda a tempo de tornar-me invisível. Por entre as espigas altas, vi a figura da minha mãe crescer, passo a passo. Vi os seus chinelos rasos de trazer por casa a pisar as hastes amareladas, mas ainda tenras do trigal. Usava o mesmo avental, estampado de um violento colorido de frutos vermelhos, que lhe vira vestir na manhã desse dia. Como era seu hábito, as mãos vinham abrigadas sob o avental, como se transportassem um segredo. Em casa, era o gesto que calava as cartas dos seus amantes. Ela não sabia que eu sabia do seu disfarce.

13 de novembro de 2012

Opinião sobre "A imperfeição do presépio" de António Manuel Marques



António Manuel Marques - A imperfeição do presépio

Gostei da fluência do "discurso", do conteúdo do discurso, da boa caracterização das personagens anónimas, do ambiente e das circunstâncias envolventes.
Gostei das recordações de um mulher sem nome, com uma história de vida sofrida, pesada, com um discurso assumido e a missão de "mantê-los próximos". De um mulher "resignada", mas que partiu para a constituição de uma família com a LIBERDADE de escolher O SEU HOMEM. Uma resistente, com um discurso interior salvador, impulsionador, sem ressentimentos. Onde vai buscar a sua força. E que GOSTAVA DE LER. "Sempre e aprender", na vida e nas leituras.

Rosa Aquino 
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

12 de novembro de 2012

Opiniões sobre "Travessa d' Abençoada" de João Bouza da Costa


João Bouza da Costa - Travessa d'Abençoada

Gostei desta escrita que tratando assuntos invulgares, os retrata com capacidade descritiva invulgar.Todos os capítulos com a sequência horária (agarram o leitor) como se fossem contos dispersos; um dos elos é a droga e os seus consumidores. A Travessa com os seus habitantes, agora tão dispares, não parece ficção. Há na cidade de Lisboa esta realidade. O autor demonstra uma cultura selectiva, quer na área musical, na poética e na plástica. Sensível quando é necessário; rude e sem contemplações q.b.

Maria Aguiar
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

8 de novembro de 2012

Breve entrevista a António Manuel Marques - A imperfeição do presépio

1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro "A Imperfeição do Presépio"?
R- Este livro inaugurou o meu investimento na ficção, pois a minha experiência editorial, até agora, tem sido exclusivamente de cariz académico e pedagógico. Apesar das características que distanciam esses tipos de escrita e de edição, vejo continuidade e complementaridade entre este livro e o meu trabalho anterior. Ainda que me agrade muito o rigor próprio da investigação e não tenha dificuldade em seguir os seus preceitos, fui sentindo, ao longo dos anos, que esse modelo restringia a minha vontade de questionar contextos, pessoas, pensamentos e vivências atuais e passadas. Por outro lado, como, desde 1987, tenho trabalhado em torno das questões da sexualidade, da saúde e, mais tarde, do género, tendencialmente, com recurso a entrevistas, fui acumulando memórias muito ricas acerca dos universos privados e públicos. Diria, portanto, que a escrita de ficção estimula a minha capacidade para imaginar e especular acerca do que ouço e observo, com liberdade total, algo que um trabalho académico sobre a mesma pessoa ou situação, em princípio, não permitiria. 

 2- Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R- Escrevi a maior parte deste livro há mais de uma década e o contexto ilustra bem o que quis dizer na questão anterior. Estava a redigir a tese de mestrado em psicologia social, sobre as representações sociais do/a parceiro/a conjugal ideal [As Árvores de Deus e as Suas Flores. Psicologia social das relações amorosas. Lisboa: Fim de Século, 1998]. Ainda que estivesse muito satisfeito com os resultados e sem dificuldade em cumprir as normas que caracterizam esses trabalhos, senti necessidade de ter um documento em segundo plano, ao qual recorria em momentos de cansaço. Nele fui agregando memórias soltas da minha infância e, sem o ter planeado, assumindo uma voz no feminino e outra no masculino, sempre em torno da conjugalidade, da paternidade e da maternidade. Cedo me dei conta de que a ‘voz da mulher’ era bem mais rica e estimulante e foi essa quem predominou, passado a dominar a minha escrita e expressividade. Através dela pude recuperar muitas vivências diretas, mas também outras que me foram narradas, uma vez que o tempo da ação cobre praticamente todo o século XX. Através desse livro concretizo o desejo de dar voz e visibilidade àquelas e àqueles que, em geral, estão mais obscurecidos na produção literária atual, ainda que, felizmente, alguns autores lhe dediquem atenção. Não tenho a pretensão de fomentar um possível neo-neo realismo, por não ter qualidades para tal, mas defendo a necessidade de retratar a complexidade humana, num mundo desigual e injusto.

3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Com este livro não esgotei o meu interesse pelo passado nacional e por essas vozes anónimas. Por isso, tenho já bastante adiantado outro original, igualmente centrado no universo do feminino, desta vez com mais vozes/personagens, localizado em Lisboa, num tempo que considero fascinante: a primeira metade da década de 1970. Espero conseguir transmitir a quem queira ler a razão desse fascínio. 

Fonte: Novos Livros

1 de novembro de 2012

João Rebocho Pais - "O intrínseco de manolo"

Sobre o livro - O intrínseco de manolo de João Rebocho Pais, uma opinião da editora Maria do Rosário Pedreira no blogue Horas Extraordinárias:

"Já aqui falei de O Intrínseco de Manolo, um romance de estreia muito divertido e acutilante publicado recentemente com a chancela da Teorema. É a história de um casal alentejano – o Manel e a Maria – que a mediocridade da aldeia maldiz e acusa, mas cujo amor parece resistir a todas as safadezas, se não metermos a morte nisso. O seu autor, João Rebocho Pais, leitor apaixonado que passa demasiadas horas nos aviões, confessa que nunca tinha pensado publicar profissionalmente um livro, mas ainda bem que se enganou, porque o romance tem personagens que ficarão na nossa memória para sempre, por boas e más razões (um tasqueiro vestido de enfermeira e maquilhado não se esquece do pé para a mão). Amanhã, vamos ouvir, por exemplo, o que pensa Luís Filipe Borges da obra na sessão de apresentação pública que terá lugar na Livraria Buchholz pelas 19h00. Tenho alguma curiosidade em saber se a tónica será nas personagens algo disfuncionais e cómicas como Tonho ou Idalina, se, pelo contrário, o apresentador se deterá nas diferenças entre os Manéis e as Marias de Cousa Vã e as Conchitas e Manolos de Ciudad del Sol, ali mesmo ao lado. Mas, para isso, é mesmo preciso ir lá. Estão todos convidados."

31 de outubro de 2012

Opinião sobre "Demência" de Célia Correia Loureiro

Célia Correia Loureiro - Demência

Desenvolvendo-se essencialmente em torno de um caso de violência doméstica, o tema é aqui tratado com uma tamanha vulgaridade e com relato de desinteressantes e repetidos pormenores que, nada acrescentando à história, tornam o livro banal e fastidioso.

Maria Luzia Pacheco
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

30 de outubro de 2012

Opinião sobre "O teu rosto será o último" de João Ricardo Pedro

João Ricardo Pedro - "O teu rosto será o último"

É um romance com uma estrutura de pequenos episódios, sempre com o mesmo protagonista. Em cada episódio vão aparecendo diferentes personagens, mas todas elas com elos familiares e/ou afectivos. Todas elas vão ajudando a desenredar "o fio da meada" daquela família, naquele tempo.
Uma linguagem cuidada e por vezes cheia de recursos estilo mas também uma linguagem coloquial, fazendo destacar personagens ou situações.

Irene Cardona
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

29 de outubro de 2012

Opinião sobre "O intrínseco de Manolo" de João Rebocho Pais

João Rebocho Pais - "O intrínseco de Manolo"


Portugal, esta pequena aldeia em que se tomam as aparências pela realidade. A vida de cada vizinho, do outro, é sempre um exemplo do que está mal em contradição com aquilo que eu faço, não assumido e tanta vez escondido.

Rouba-se , mente-se, perverte-se,mas  ninguém é pecador, a não ser o outro.  Cá eu nem pensar, os outros ,sim. 

Arnaldo passa por ser um senhor, Manolo por ser corno. Idalina assume a sua escolha  – "Era  porca e pronto. Que se lixasse que se fodesse, que fosse morrer longe a cambada que por  ali crescia como ervas daninhas, a chusma de amorfos feito gente, a manada de falsas puritanas."

Se algum de nós tivesse o poder do narrador, de espreitar verdadeiramente a realidade, seríamos mais capazes de interromper as deliciosas histórias de intriga que nos contam com um  não é bem assim, sabe-se lá se, e até de nos olharmos ao espelho da verdade.

Ninguém é tão magnificamente mau nem maravilhosamente bom. Há sempre um outro lado das coisas. Julgamentos precipitados divertem-nos, à mesa da tasca do Toino ou em assembleias bem frequentadas .

E se há uma moral nesta história, que se conta com toda a ironia e ternura e que amiúde nos é servida em pratos nojentos picados por varejeiras ou cheiro a esgoto de latrina mal-cheirosa, é que nada é o que parece. Todos temos um íntrinseco. E muito poucos lá chegam.

Um hiper-realismo mesclado de apelo melancólico à natureza, seja esta  a azinheira ou a paisagem humana. Num estilo muito apelativo pelas emoções e sensações que provocam no leitor, da nostalgia à repulsa, ao vómito, ao riso e ao sorriso, que remete para o surreal ou  mesmo a estéticas  a que alguns chamariam “da crueldade”. 

Fiquei fã.

Maria João Carrilho
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

25 de outubro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco

Luís Francisco - "A vida passou por aqui"

São encontros de vidas cansadas umas, mansas outras. Todas elas em busca de algo que as preencha e realize os seus sonhos.
Luis Francisco surpreende-nos com uma escrita que nos prende e agarra por dentro; é arte que toca e nos seduz.

Augusto Freire Martins
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

24 de outubro de 2012

Opinião sobre "O intrínseco de Manolo" de João Rebocho Pais

João Rebocho Pais - "O intrínseco de Manolo"


Gostei desta escrita! Até o título nos leva a questionar!
A azinheira tem um papel preponderante no íntimo do protagonista. As palavras, melhor os palavrões, não chocam, porque o autor sabe aplicá-los.
Se ainda houvesse dúvidas quanto à qualidade da escrita bastará ler os 2 últimos capítulos, "A família" e "Epílogo" para ficarmos rendidoas a este primeiro romance do João que merece ir apresentá-lo a Chambery.


Maria Aguiar 
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

22 de outubro de 2012

Luís Francisco - A vida passou por aqui

Autor: Luís Francisco
Título: A vida passou por aqui

BIOGRAFIA




Luís Francisco nasceu em 1964. Actualmente, é jornalista do diário Público, tendo trabalhado no Expresso e na RTP. Escreveu guiões para duas longas-metragens, um deles em co-autoria. A Vida Passou por Aqui é a sua estreia na ficção.








SINOPSE


Que relação poderá existir entre um motorista de táxi à beira da reforma, um toxicodependente que rouba carteiras, um arquitecto com mão leve, uma solteirona apostada em fazer o bem ou uma rapariga que disse aos pais que andava na faculdade e, afinal, vive à custa de um homem casado? E entre um pinga-amor sempre agarrado ao telefone, uma mulher que só tem olhos para o filho, um empresário de sucesso a criar barriga e uma mulher-a-dias acusada de um crime que não cometeu? Aparentemente, não existem quaisquer laços entre estas e as outras personagens deste romance, mas a verdade é que os nós são muitos - e quase sempre difíceis de desatar. Numa história com uma construção extremamente original, em que desfilam figuras muito diferentes, mas todas inesquecíveis, A Vida Passou por Aqui é uma espécie de confirmação da teoria do efeito borboleta: porque, na teia que é a vida, sempre que alguém puxa um fio, mesmo sem se dar conta, acaba por embaraçar, mais do que gostaria, as vidas alheias…

16 de outubro de 2012

30 de agosto de 2012

Ana Sofia Fonseca - "Como carne em pedra quente"

Autor: Ana Sofia Fonseca
Título: Como carne em pedra quente


BIOGRAFIA

 
SINOPSE

Laura, 45 anos. Estas páginas são ela. Mulher entre a vida e a morte. Presa entre o passado e o futuro. A tentar gravar quem foi - para se deixar à filha, para não morrer por inteiro, para selar contas com a memória. À beira do fim, a reviver o início. Quase a loucura, quase a lucidez. A sombra da mãe. A infância em África, a vida tecida em Lisboa. A doença a atingir a normalidade dos dias. A armadilha de um grande amor. E a lembrança da avó. Histórias a cruzarem-se, a darem as mãos sem aviso. Porque, na vida, todas as realidades são vizinhas.4este livro é uma viagem com partida da cabeça de uma mulher, passagem pelas vidas dos que a rodeiam e pelo país, do Estado Novo até hoje.

Alexandra Lucas Coelho apresenta "E a noite roda" - RTP

Alexandra Lucas Coelho apresenta "E a noite roda" - Cultura - Notícias - RTP
[Vídeo]

27 de agosto de 2012

João Rebocho Pais - "O intrínseco de manolo"

Autor: João Rebocho Pais
Título: O intrínseco de manolo


BIOGRAFIA

João Rebocho Pais nasceu em Lisboa em 1962. Cresceu no bairro de Olivais Sul, terra fértil em personalidades de vulto, de filantropos a vigaristas, de homens de ciência e cultura a comerciantes de mercadorias ilícitas. Entrou para a aviação comercial em 1985, trabalhando há mais de vinte cinco anos como comissário de bordo, o que lhe tem permitido conhecer culturas muito disintas e inspiradoras. Tem dois filhos, Miguel e Francisco, sem os quais nada entende. Nunca imaginou escrever uma história para tanta gente. Até agora, os livros tinham sido apenas uma doce e viciante dependência.O Intrínseco de Manolo é a sua estreia no romance.
 
 
 
SINOPSE
 
Na aldeia alentejana de Cousa Vã - vizinha da espanhola Ciudad del Sol - o nome de Manolo anda nas bocas escancaradas dos que passam as tardes na tasca a aviar minis, quiçá para que ninguém repare no que realmente se passa em suas casas - e talvez seja melhor assim. É, porém, facto indesmentível que Maria tem o hábito de desaparecer às sextas-feiras - e isso basta para que a mediocridade omnipresente faça do marido um adornado e da chacota um estranho alívio para a dureza dos dias. Manolo refugia-se do falatório acusador à sombra de uma azinheira secular, único ser vivo com quem pode dividir agora as suas mágoas; e, embora certo da virtude da sua Maria, não ignora a missiva que o carteiro lhe deixou em casa nessa manhã e que trazia - pois é - remetente espanhol… No jogo repetido que é o dia-a-dia dos lugares pequenos - onde ninguém ganha e quase todos perdem -, a descoberta da improvável verdade trará, mesmo assim, a Manolo a oportunidade de mostrar aos conterrâneos, de forma anónima, o seu intrínseco, seguindo os ensinamentos dos que, sendo velhos ou já desaparecidos, são parte importante da sua história - e da de Cousa Vã. Com um trabalho notável na composição das figuras e uma recuperação inteligente da linguagem popular de um Alentejo quase mítico, João Rebocho Pais estreia-se na ficção com um romance terno, mágico e, ocasionalmente, escatológico sobre o poder da excepção sobre a regra.

23 de agosto de 2012

João Ricardo Pedro - "O teu rosto será o último"

Autor: O teu rosto será o último
Título: João Ricardo Pedro


BIOGRAFIA

João Ricardo Pedro nasceu em 1973, na Reboleira, Amadora. Curioso acerca da força de Lorentz, licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico. Durante mais de uma década, trabalhou em telecomunicações sem, no entanto, alguma vez ter aplicado as admiráveis equações de Maxwell. Na primavera de 2009, em consequência do carácter caprichoso dos mercados, achou-se com mais tempo do que aquele de que necessitava para cumprir as obrigações do quotidiano. Num acesso de pragmatismo, começou a escrever. O Teu Rosto Será o Último é o seu romance de estreia.
 
 
 
 
SINOPSE
 
Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu.
Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial.
Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?

22 de agosto de 2012

Alexandra Lucas Coelho - "E a noite roda"

Autor: Alexandra Lucas Coelho
Título: E a noite roda

BIOGRAFIA

Alexandra Lucas Coelho nasceu em Dezembro de 1967. Estudou teatro no I.F.I.C.T. e licenciou-se em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Trabalhou dez anos na rádio continuando ainda hoje a colaborar com a RDP. Desde 1998 é jornalista no Público. A partir de 2001 viajou várias vezes pelo Médio Oriente / Ásia Central e esteve seis meses em Jerusalém como correspondente. Foram-lhe atribuídos prémios de reportagem do Clube Português de Imprensa, Casa da Imprensa e o Grande Prémio Gazeta 2005. Em 2007 publicou "Oriente Próximo" (Relógio D’Água), narrativas jornalísticas entre israelitas e palestinianos. «Caderno Afegão» é o seu segundo livro.
 
 
SINOPSE
 
E a Noite Roda é a história de Ana e Léon, uma catalã e um belga que se conhecem em Jerusalém e ao longo de dois anos vivem uma paixão intermitente, do Médio Oriente à América, passando por vários lugares da Europa.

31 de julho de 2012

Autor: Carla M. Soares
Título: Alma Rebelde       

                                                                          
BIOGRAFIA
Carla M. Soares (nasceu em 1971) tem um longo percurso académico. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, tirou o mestrado em Estudos Americanos, em Literatura Gótica e Film Studies e tem um doutoramento em História da Arte. A docência tem sido a sua principal actividade profissional. Passou naturalmente de leitora compulsiva a escritora.




SINOPSE

No calor das febres que incendeiam a Lisboa do século XIX, Joana, uma burguesa jovem e demasiado inteligente para o seu próprio bem, vê o destino traçado num trato comercial entre o pai e o patriarca de uma família nobre e sem meios.
Contrariada, Joana percorre os quilómetros até à nova casa, preparando-se para um futuro de obediências e nenhuma esperança.
Mas Santiago, o noivo, é em tudo diferente do que esperava. Pouco convencional, vivido e, acima de tudo, livre, depressa desarma Joana, com promessas de igualdade, respeito e até amor.
Numa atmosfera de sedução incontida e de aventuras desenham-se os alicerces de um amor imprevisto... Mas será Joana capaz de confiar neste companheiro inesperado e entregar-se à liberdade com que sempre sonhou? Ou esconderá o encanto de Santiago um perigo ainda maior?





20 de julho de 2012

Célia Correia Loureiro - "Demência"

Autor: Célia Correia LoureiroTítulo: "Demência"

BIOGRAFIA

Célia Correia Loureiro nasceu em Almada, em 1989. Licenciou-se em Informação Turística pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, e garante que a sua vocação é a escrita. O amor pela literatura nasceu cedo, quando começou a ilustrar histórias da sua autoria. Dedica-se ao conto infantil, à poesia, à prosa e ao romance. Com a obra “Demência”, dá-se pela primeira vez a conhecer ao leitor.





RESUMO

No seio de uma aldeia beirã, Olímpia Vieira começa a sofrer os sintomas de uma demência que ameaça levar-lhe a memória aos poucos. A única pessoa que lhe ocorre chamar para assisti-la é a sua nora viúva, Letícia. Mas Letícia, que se faz acompanhar das duas filhas, tem um passado de sobrevivência que a levou a cometer um crime do qual apenas a justiça a absolveu.
Perante a censura dos aldeões, outrora seus vizinhos e amigos, e a confusão mental da sogra, Letícia tenta refazer-se de tudo o que perdeu e dos erros que foi obrigada a cometer por amor às filhas. O passado é evocado quando Sebastião, amigo de infância de Olímpia, surge para ampará-la e Gabriel, protagonista da vida paralela que Letícia gostaria de ter vivido, dá um passo à frente e assume o seu papel de padrinho e protector daquelas três figuras solitárias…


18 de julho de 2012

António Manuel Marques - "A Imperfeição do Presépio"

Autor: António Manuel Marques
Título: A Imperfeição do Presépio

BIOGRAFIA
António Manuel Marques nasceu em Lisboa em 1961. É docente do ensino superior e tem investigado e publicado nos domínios da sexualidade, saúde e psicologia social do género. Ao dar início à escrita literária, continua a explorar os temas em que tem investido, fazendo uso da liberdade estilística e narrativa que a ordem académica não aconselha ou não permite






 
RESUMO


«O casamento. Do meu casamento não tenho grande coisa a dizer. De outra maneira, mas era uma noiva, pois claro. Qual branco? Lá não era assim. Éramos simples, não tínhamos direito a essas coisas que há hoje. Os vestidos a arrojar pelo chão, essa fantochada toda. Nem eu me via metida nessas andanças. Naquele tempo, era tudo simples.»
Assim começa a narrativa de vida de uma mulher vulgar, mas única, que nos guia pela pequena História portuguesa do século XX. A sua versão na primeira pessoa é parcial, mas nem por isso menos representativa de memórias coletivas acerca do interior rural e da migração para uma capital que, aos poucos, alargou os seus limites para espaços menos urbanizados. O autor serve-se do discurso intimista e reflexivo da protagonista para construir um olhar feminino sobre os universos conjugal, familiar e do trabalho, recorrendo, pontualmente, a publicações da época e, sobretudo, aos saberes de figuras reais com quem se cruzou direta e indiretamente.

11 de julho de 2012

João Bouza da Costa - "Travessa d'Abençoada"

Autor: João Bouza da Costa
Título: Travessa d’Abençoada

BIOGRAFIA

João Bouza da Costa nasceu em Lisboa (1954) e passou a infância em África (Luanda). Tem levado uma vida anticíclica, sempre a fugir dos acontecimentos históricos: deixou Angola quando nesta se iniciava a gesta independentista (1963), abandonou Portugal logo após a revolução de Abril (em setembro de 74) e escapou da Alemanha em 89, pouco antes do grande êxtase coletivo da queda do Muro. Nesse aspeto, assemelha-se a um heterónimo de um heterónimo de Pessoa. Ao contrário destes, porém, tem mulher e três filhos, que o fizeram experimentar o peso e a leveza do mundo. Meteu-se, com fraco sucesso e por pura necessidade, em muitas e variadas lides: foi carteiro, limpador de vidros, vendedor de vinhos, pintor de cenários de ópera, professor de uma pretérita ortografia, tradutor e intérprete, mas terá talvez sido o acaso das novas tecnologias, com a sua facilidade para rasurar e sintetizar, que o ajudou a ultrapassar o fado dos papelinhos avulsos e a chegar-se um pouco mais à escrita e a si próprio.


SINOPSE

Uma criança autista escuta os sons de dois corpos entregues ao sexo e convoca os seus deuses contra a derrocada do tempo. Um tradutor apropria-se, coxeando, da sua cidade, enquanto a música inunda a noite e a sua mulher se debate com a memória. Um velho preso no labirinto da raiva enfrenta a morte caído numas escadas. Pessoas de uma pequena travessa de Lisboa, vinte e quatro horas da vida no mundo.