Livro bem escrito. Narrativa fluída e bem construída que deixa no ar o sabor a magia e fascínio.
A história decorre no Médio Oriente, num ambiente de conflitos violentos, e fala da paixão que acontece entre a narradora Ana, e um colega, Leon, ambos em trabalho, como repórteres de guerra.
A narrativa, feita como uma retrospectiva das vivências - conflitos no terreno vividos em paralelo com os conflitos na alma - permite que Ana relembre o que sobrou (certamente o mais marcante) com a lucidez de um distanciamento de quatro anos.
Com lucidez e alguma mágoa racionalizada, Ana olha para trás - «escreve para tornar real» - para antes do começo, analisa as subtilezas da sedução, o fascínio das vivências que se vão sucedendo, o medo-ai-ai-da-perda, o não-sim, o «e agora?, parece-me que»,.. o fim que já o foi sem o ter sido. Ana relembra e escreve, para melhor lidar com a dor. Atenta a pormenores que então não existiram, busca entender as etapas do jogo, as jogadas de cada parceiro, a chegada, enfim, ao resultado final...
E nesta busca, há observações, raciocínios e atitudes que revelam, por vezes com enorme subtileza, diferenças de base entre o ser feminino e o masculino.
Perceber para atingir paz interior. Será que atinge???
Livro cujo fascínio fica no ar, mesmo depois de fechado, concluída a última página.
M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)
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