24 de novembro de 2012

Opinião sobre "Como carne em pedra quente" de Ana Sofia Fonseca

Ana Sofia Fonseca - "Como carne em pedra quente"


Tenho dificuldade em avaliar este romance - narra uma situação trágica, mas não senti a intensidade dessa tragédia. A narradora é uma mulher jovem que sabe pelo médico que tem SIDA e lhe resta pouco tempo de vida. Decide então gravar mensagens para deixar à filha, ausente no estrangeiro. A par das gravações, onde fala da angústia da doença, vai revivendo etapas da sua vida e deixando fluir debates interiores entre o passado e o presente - vivências familiares que envolvem bisavós, avós, pai, mãe e Pedro, o pai da filha - em tempos partilhados entre Portugal e Angola. Pedro, o seu amor, com quem não casou, de quem está separada e que desconhece o seu drama. A sua solidão é grande - conta apenas com a presença ocasional da empregada e de um vizinho idoso e modesto, que lhe faz uma companhia silenciosa. No final, através de uma frase deste, solta-se a revelação de uma amor platónico, que aconteceu entre este vizinho e a sua avó Júlia, quando eram jovens, e que veio a marcar as suas vidas. Esta revelação-desfecho surge no fim da história de um modo um pouco forçado... A escrita respeita as regras de linguagem, mas, por vezes, utiliza frases sem beleza e com significado pouco claro (cabelo de faminta vendido, pg.40; naftalina na educação, pg.122; sou o que lutei...,  pg.47- frase que deveria ser assinalada como de outra autoria). Lê-se, mas não entusiasma. Não gosto do título nem da capa. 


M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

23 de novembro de 2012

Opinião sobre "O intrínseco da Manolo" de João Rebocho País

João Rebocho Pais - "O intrínseco de Manolo"

Uma supresa. Palavrosa, certamente, trágica-cómica q.b, um desfile de personagens retratadas em suas pecularidades e amores cruzados.Ainda assim faltam ligações e apresentações devidas do povo consavaneiro, de quem fiquei com vontade de conhecer melhor. Por vezes perde-se o fio à meada, noutras encontra-se a alegria ou a introspecção, num carrosssel de ideias tresmalhadas e muito trabalhadas, isto no que se refere ao constante regatear se sinónimos, ditos populares, recursos literários e estilísticos em contínuo e confuso retrato do Alentejo. Por um lado, original, por outro, frívolo. Um entretenimento confuso, vá. 



 Sofia F.
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

21 de novembro de 2012

Opinião sobre "E a noite roda" de Alexandra Lucas Coelho

Alexandra Lucas Coelho - "E a noite roda"

Livro bem escrito. Narrativa fluída e bem construída  que deixa no ar o sabor a magia e fascínio. A história decorre no Médio Oriente, num ambiente de conflitos violentos, e fala da paixão que acontece entre a narradora Ana, e um colega, Leon, ambos em trabalho, como repórteres de guerra. A narrativa, feita como uma retrospectiva das vivências - conflitos no terreno vividos em paralelo com os conflitos na alma - permite que Ana relembre o que sobrou (certamente o mais marcante) com a lucidez de um distanciamento de quatro anos. Com lucidez e alguma mágoa racionalizada, Ana olha para trás - «escreve para tornar real» - para antes do começo, analisa as subtilezas da sedução, o fascínio das vivências que se vão sucedendo, o medo-ai-ai-da-perda, o não-sim, o «e agora?, parece-me que»,.. o fim que já o foi sem o ter sido. Ana relembra e escreve, para melhor lidar com a dor. Atenta a pormenores que então não existiram, busca entender as etapas do jogo, as jogadas de cada parceiro, a chegada, enfim, ao resultado final... E nesta busca, há observações, raciocínios e atitudes que revelam, por vezes com enorme subtileza, diferenças de base entre o ser feminino e o masculino. Perceber para atingir paz interior. Será que atinge??? Livro cujo fascínio fica no ar, mesmo depois de fechado, concluída a última página. 

 M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

20 de novembro de 2012

Opinião sobre "A vida passou por aqui" de Luís Francisco

Luís Francisco - "A vida passou por aqui"

Destaco as personagens primorosas e de análise pessoal e humana. História viva e real, de gente verdadeira, com vícios e virtudes, gente que todos conhecemos no quotidiano. Extraordinário o encadeamanto das vidas ao longo do romance, plausível e muito interessante no global. 

 Francisco Gomes
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

18 de novembro de 2012

Festival do Primeiro Romance 2013 - Pré-selecção portuguesa

Os Grupos de Leitores das Bibliotecas Municipais de Oeiras e Algés encerraram a lista final da pré-selecção portuguesa para o Festival do Primeiro Romance de 2013.

De todos os primeiros romances publicados entre Novembro de 2011 Outubro de 2012, os nossos Grupos de Leitores seleccionaram 11 títulos.

Assim, a pré-selecção portuguesa para a edição de 2013 do Festival do Primeiro Romance é constituída por estes 11 livros:

Alexandra Lucas Coelho - E a noite roda
Ana Miranda - O Diabo é um homem bom
Ana Sofia Fonseca - Como carne em pedra quente
António Manuel Marques - A imperfeição do presépio
Bruno Margo - Sandokan e Bakunine
Carla M. Soares - Alma Rebelde
Luís Francisco - A vida passou por aqui
João Bouza da Costa - Travessa d'Abençoada
João Rebocho País - O intrínseco de Manolo
João Ricardo Pedro - O teu rosto será o último
Tiago Patrício - Trás-os-Montes

Depois deste fase, diversos Grupos de Leitores de língua portuguesa em França vão ler esta pré-selecção para que em Fevereiro de 2013, com as opiniões de todos, seja possível seleccionar o autor de primeiro romance que vai representar Portugal em Chambéry, no Festival do Primeiro Romance, em Maio de 2013.

Boa sorte para todos os autores! E boas leituras!

17 de novembro de 2012

Luís Francisco no Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras

No passado dia 13 de Novembro, Luís Francisco, autor do livro "A vida passou por aqui" esteve à conversa com os leitores do Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras.

Sendo um dos títulos que fazem parte da Pré-selecção portuguesa para a edição do Festival do Primeiro Romance de 2013, tínhamos curiosidade em conhecer o autor por detrás do livro e o homem por detrás da história, ou deste caso das histórias.

Ao longo de quase 2 horas ficamos a conhecer melhor o autor, o percurso literário e as histórias por detrás da publicação do livro.

Três meses depois de ter enviado o livro para a editora, Luís Francisco ainda aguardava uma resposta! Achou que o seu texto devia ser lido sem qualquer pressão ou favorecimento e por isso limitou-se a aguardar, pacientemente, a decisão da editora. Finalmente a resposta chegou e foi positiva! Um estagiário que primeiro leu o texto original do autor recomendou a sua leitura a Maria do Rosário Pedreira, apelidando-o de um conjunto de personagens disfuncionais que se entrecruzam.

Se é verdade que por vezes o escritor faz de Deus, cria um mundo, inventa pessoas, relações, faz-lhes maldades, a primeira preocupação de Luís Francisco foi que as suas pessoas fossem reais que a certa altura as personagens começaram a ter vida própria. Como o próprio autor disse: "Durante algum tempo somos donos da história e das personagens, mas a partir de um dado momento, o ritmo de trabalho muda. Passa a ser o livro que nos chama, já não és tu que decides. É como se as personagens estivessem à espera que escrevesses o capítulo seguinte."

Também a primeira impressão que o leitor tem de cada personagem, em algum dos casos e das histórias, não é a que se vai confirmar ao longo do livro. O autor tinha um final  mais cor-de-rosa e foi a sua mulher que sugeriu que aquele final não estava de acordo com o resto do livro; era como se de repente tudo ficasse bem e a história terminasse.

Em A Vida Pas­sou por Aqui uma per­son­agem diz: "Tu só que­rias pas­sar pela vida, eu que­ria que a vida pas­sasse por mim". Luís Fran­cisco pre­cisou que a vida pas­sasse por ele para fazer este livro.

Aqui ficam algumas frases do autor durante a sessão:

"Se eu fosse mais seguro não estava à espera de ter 40 e tal anos para editar um romance. Provavelmente, já teria editado antes, mas seria seguramente pior porque acho que a vida tem de passar por nós para depois sair."

“Criar é um espaço de liberdade. No jornalismo não posso criar. Numa reportagem tenho de lidar com o que acontece e com o que me dizem.”


"A vida está sempre a acontecer. Estamos metidos lá dentro, não temos noção de quem está a puxar a corda por nós. Às vezes levamos um puxão sem saber bem de onde, nem por que é que aconteceu.”
Em nome do Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras agradeço ao Luís Francisco o interesse e a disponibilidade! 

15 de novembro de 2012

Bruno Margo - Sandokan & Bakunine

Autor: Bruno Margo
Título: Sandokan e Bakunine

BIOGRAFIA

Bruno Margo nasceu em Benguela, Angola, em 1973. Cresceu e viveu em Lisboa, onde estudou Ciências de Comunicação, variante de cinema. Um curso de realização cinematográfica levou-o a Nova Iorque, uma cidade que sempre quis conhecer. De regresso a Portugal, teve as suas primeiras experiências profissionais em rádio, cinema e televisão. Trabalhou como assistente de produção e de realização, guionista e editor. 
A possibilidade de conciliar os seus maiores interesses, cinema e literatura, levaram-no à escrita, primeiro sob a forma de guiões para filmes e, mais tarde, aos romances. Sandokan & Bakunine, o seu livro de estreia, começou assim, como uma sinopse de um filme que gostaria de realizar. O mesmo se passa com o seu segundo romance, que está neste momento a escrever, em Cadrezzate, uma pequena cidade no Norte de Itália onde vive desde 2010.


SINOPSE

Esta é a história de um escritor a quem roubaram um computador portátil e cujo romance incompleto aparece na Internet, desencadeando inesperadas reacções. Mas é também a história contada no próprio romance: a das férias de Artur - um adolescente asmático e apaixonado -, marcadas pelo desaparecimento misterioso de uma rapariga, que ele, com a ajuda de um detective e a companhia de um cão, tentará a todo o custo desvendar. 

E é enfim a história do explorador irlandês B. A. Barrow, mordido por uma mariposa-vampiro na Papua-Nova Guiné, a partir dos seus próprios diários. Porém, como se tudo isto não bastasse, a narrativa traz-nos ainda um pintor que matou o pai pensando que era um demónio, uma mulher que fez uma viagem a preto e branco, um serial killer de feras no zoo de Tóquio e um leque de outras personagens e episódios inesquecíveis, que fazem de Sandokan e Bakunine um dos mais originais romances em língua portuguesa. 
Com reminiscências cinematográficas - tão depressa os adolescentes de Éric Rohmer como a estrutura intricada de filmes como Magnólia ou Mulholland Drive -, o presente romance pode ser lido e relido sem se esgotar, oferecendo sempre novas e surpreendentes perspectivas. Imperdível.

14 de novembro de 2012

Ana Miranda - O Diabo é um homem bom

Autor: Ana Miranda
Título: O Diabo é um homem bom

BIOGRAFIA


Ana Miranda nasceu em Bragança em Abril de 1967. Estudou Literatura Portuguesa na Universidade Nova de Lisboa, mas foi do Jornalismo que fez profissão. 
Há 22 anos que se divide, com igual paixão, pela televisão, imprensa e rádio. 
Foi um projecto de televisão que a levou para Lyon, França, onde vive desde 1999 e é jornalista de política internacional.
A escrita era um projecto à espera, desde que participou num dos primeiros concursos de Jovens criadores, em 1996, tendo conquistado o prémio de honra que lhe permitiu participar na Bienal da Guarda, 1997.
O Diabo é um Homem Bom é a sua primeira obra publicada.


SINOPSE


O terreno de jogo estendia-se às searas indomáveis de centeio e trigo, atravessadas por labirintos e túneis vegetais, onde jogávamos às escondidas. Foi numa dessas brincadeiras que um casaquinho de lã, azul-pálido, azul-bébe, me conduziu ao primeiro morto. Ao primeiro nado-morto da minha longa vida de mortos.

O corpo morria asfixiado num saco de plástico, ensanguentado. O vento chicoteava as espigas e escoava o fedor da morte, pelo ventre da terra revolvida. Foi também o vento que denunciou o barulho de passos nas proximidades, ainda a tempo de tornar-me invisível. Por entre as espigas altas, vi a figura da minha mãe crescer, passo a passo. Vi os seus chinelos rasos de trazer por casa a pisar as hastes amareladas, mas ainda tenras do trigal. Usava o mesmo avental, estampado de um violento colorido de frutos vermelhos, que lhe vira vestir na manhã desse dia. Como era seu hábito, as mãos vinham abrigadas sob o avental, como se transportassem um segredo. Em casa, era o gesto que calava as cartas dos seus amantes. Ela não sabia que eu sabia do seu disfarce.

13 de novembro de 2012

Opinião sobre "A imperfeição do presépio" de António Manuel Marques



António Manuel Marques - A imperfeição do presépio

Gostei da fluência do "discurso", do conteúdo do discurso, da boa caracterização das personagens anónimas, do ambiente e das circunstâncias envolventes.
Gostei das recordações de um mulher sem nome, com uma história de vida sofrida, pesada, com um discurso assumido e a missão de "mantê-los próximos". De um mulher "resignada", mas que partiu para a constituição de uma família com a LIBERDADE de escolher O SEU HOMEM. Uma resistente, com um discurso interior salvador, impulsionador, sem ressentimentos. Onde vai buscar a sua força. E que GOSTAVA DE LER. "Sempre e aprender", na vida e nas leituras.

Rosa Aquino 
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

12 de novembro de 2012

Opiniões sobre "Travessa d' Abençoada" de João Bouza da Costa


João Bouza da Costa - Travessa d'Abençoada

Gostei desta escrita que tratando assuntos invulgares, os retrata com capacidade descritiva invulgar.Todos os capítulos com a sequência horária (agarram o leitor) como se fossem contos dispersos; um dos elos é a droga e os seus consumidores. A Travessa com os seus habitantes, agora tão dispares, não parece ficção. Há na cidade de Lisboa esta realidade. O autor demonstra uma cultura selectiva, quer na área musical, na poética e na plástica. Sensível quando é necessário; rude e sem contemplações q.b.

Maria Aguiar
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)

8 de novembro de 2012

Breve entrevista a António Manuel Marques - A imperfeição do presépio

1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro "A Imperfeição do Presépio"?
R- Este livro inaugurou o meu investimento na ficção, pois a minha experiência editorial, até agora, tem sido exclusivamente de cariz académico e pedagógico. Apesar das características que distanciam esses tipos de escrita e de edição, vejo continuidade e complementaridade entre este livro e o meu trabalho anterior. Ainda que me agrade muito o rigor próprio da investigação e não tenha dificuldade em seguir os seus preceitos, fui sentindo, ao longo dos anos, que esse modelo restringia a minha vontade de questionar contextos, pessoas, pensamentos e vivências atuais e passadas. Por outro lado, como, desde 1987, tenho trabalhado em torno das questões da sexualidade, da saúde e, mais tarde, do género, tendencialmente, com recurso a entrevistas, fui acumulando memórias muito ricas acerca dos universos privados e públicos. Diria, portanto, que a escrita de ficção estimula a minha capacidade para imaginar e especular acerca do que ouço e observo, com liberdade total, algo que um trabalho académico sobre a mesma pessoa ou situação, em princípio, não permitiria. 

 2- Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R- Escrevi a maior parte deste livro há mais de uma década e o contexto ilustra bem o que quis dizer na questão anterior. Estava a redigir a tese de mestrado em psicologia social, sobre as representações sociais do/a parceiro/a conjugal ideal [As Árvores de Deus e as Suas Flores. Psicologia social das relações amorosas. Lisboa: Fim de Século, 1998]. Ainda que estivesse muito satisfeito com os resultados e sem dificuldade em cumprir as normas que caracterizam esses trabalhos, senti necessidade de ter um documento em segundo plano, ao qual recorria em momentos de cansaço. Nele fui agregando memórias soltas da minha infância e, sem o ter planeado, assumindo uma voz no feminino e outra no masculino, sempre em torno da conjugalidade, da paternidade e da maternidade. Cedo me dei conta de que a ‘voz da mulher’ era bem mais rica e estimulante e foi essa quem predominou, passado a dominar a minha escrita e expressividade. Através dela pude recuperar muitas vivências diretas, mas também outras que me foram narradas, uma vez que o tempo da ação cobre praticamente todo o século XX. Através desse livro concretizo o desejo de dar voz e visibilidade àquelas e àqueles que, em geral, estão mais obscurecidos na produção literária atual, ainda que, felizmente, alguns autores lhe dediquem atenção. Não tenho a pretensão de fomentar um possível neo-neo realismo, por não ter qualidades para tal, mas defendo a necessidade de retratar a complexidade humana, num mundo desigual e injusto.

3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Com este livro não esgotei o meu interesse pelo passado nacional e por essas vozes anónimas. Por isso, tenho já bastante adiantado outro original, igualmente centrado no universo do feminino, desta vez com mais vozes/personagens, localizado em Lisboa, num tempo que considero fascinante: a primeira metade da década de 1970. Espero conseguir transmitir a quem queira ler a razão desse fascínio. 

Fonte: Novos Livros

1 de novembro de 2012

João Rebocho Pais - "O intrínseco de manolo"

Sobre o livro - O intrínseco de manolo de João Rebocho Pais, uma opinião da editora Maria do Rosário Pedreira no blogue Horas Extraordinárias:

"Já aqui falei de O Intrínseco de Manolo, um romance de estreia muito divertido e acutilante publicado recentemente com a chancela da Teorema. É a história de um casal alentejano – o Manel e a Maria – que a mediocridade da aldeia maldiz e acusa, mas cujo amor parece resistir a todas as safadezas, se não metermos a morte nisso. O seu autor, João Rebocho Pais, leitor apaixonado que passa demasiadas horas nos aviões, confessa que nunca tinha pensado publicar profissionalmente um livro, mas ainda bem que se enganou, porque o romance tem personagens que ficarão na nossa memória para sempre, por boas e más razões (um tasqueiro vestido de enfermeira e maquilhado não se esquece do pé para a mão). Amanhã, vamos ouvir, por exemplo, o que pensa Luís Filipe Borges da obra na sessão de apresentação pública que terá lugar na Livraria Buchholz pelas 19h00. Tenho alguma curiosidade em saber se a tónica será nas personagens algo disfuncionais e cómicas como Tonho ou Idalina, se, pelo contrário, o apresentador se deterá nas diferenças entre os Manéis e as Marias de Cousa Vã e as Conchitas e Manolos de Ciudad del Sol, ali mesmo ao lado. Mas, para isso, é mesmo preciso ir lá. Estão todos convidados."