Tenho dificuldade em avaliar este romance - narra uma situação trágica, mas não senti a intensidade dessa tragédia. A
narradora é uma mulher jovem que sabe pelo médico que tem SIDA e lhe resta pouco tempo de vida.
Decide então gravar mensagens para deixar à filha, ausente no estrangeiro. A par das gravações, onde fala da angústia
da doença, vai revivendo etapas da sua vida e deixando fluir debates interiores entre o passado e o presente - vivências familiares que envolvem bisavós, avós, pai, mãe e Pedro, o pai da filha - em tempos partilhados entre Portugal e Angola.
Pedro, o seu amor, com quem não casou, de quem está separada e que desconhece o seu drama.
A sua solidão é grande - conta apenas com a presença ocasional da empregada e de um vizinho idoso e modesto, que lhe faz
uma companhia silenciosa. No final, através de uma frase deste, solta-se a revelação de uma amor platónico, que aconteceu entre este vizinho e a sua avó Júlia, quando eram jovens, e que veio a marcar as suas vidas.
Esta revelação-desfecho surge no fim da história de um modo um pouco forçado...
A escrita respeita as regras de linguagem, mas, por vezes, utiliza frases sem beleza e com significado pouco claro (cabelo
de faminta vendido, pg.40; naftalina na educação, pg.122; sou o que lutei..., pg.47- frase que deveria ser assinalada como
de outra autoria).
Lê-se, mas não entusiasma. Não gosto do título nem da capa.
M. Matos
(Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras)
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